quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Tudo bem e depois...

Depois de ler um texto em que se justificava a rejeição de um curso ligado à matemática, apesar de concordar em alguns aspectos vejo-me "obrigado" a refutar outros, sendo que, tratando-se de uma opção pessoal, não pretendo refutar essa mesma opção mas alguns argumentos que me parecem carecer de mais ponderação.
Esse mesmo texto está no antigo blog do Max. Ora, de facto as Ciências Exactas, no seu grau académico, parecem-nos algo aborrecidas pela pouca subjectividade que lhes é inerente e ainda mais se associadas a uma crescente desenvoltura da nossa personalidade. Numa altura em que nos apercebemos da complexidade das relações humanas e da sua incerteza, a exactidão perde o seu encanto. Estes argumentos são válidos, mas o que eu discordo foi na limitada abordagem às ciências exactas, o exemplo que foi dado para reiterar a bocejante exactidão das ciências foi muitas vezes indo à raiz, à base. Ora, a base da matemática, no caso em questão, é a numeração Árabe e é essencial que tenhamos essa base, como esta foi construída do nada a denominação de que dois é 2 e que 2+2=4 foi arbitrária. Mas, construída essa base, partimos dela para um mundo de descoberta e incerteza, um mundo onde não se descobre a verdade revelada mas que ao mesmo tempo parece claro que conseguimos uma boa aproximação à realidade, pois temos também o "feedback" dessas descobertas. Aliás podia até ser interessante estudar a arbitrariedade da numeração e tentar perceber o que na sua criação não era arbitrária, por exemplo, não terá sido ao acaso que dois terá sido 2 e não uma conjunto imenso de sons, possuindo os humanos limitação de sons vocais havia um conjunto de denominações que estavam negadas à partida...etc.

Aliás a própria ciência influenciou o pensamento filosófico e a sociedade em geral, inclusive um dos contributos da ciência foi desmantelar os dogmas a que esta estava aprisionada. Observando a evolução da ciência e necessidade de não aprisionar o pensamento científico a dogmas, a própria sociedade percebeu que a sua visão da realidade não deveria ser dogmática. Portanto, chegado a este ponto, já estou a sustentar que a própria ciência terá contribuído para a complexidade com que percepcionamos a realidade em geral e as relações afectivas em particular.

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