domingo, abril 30, 2006

Comentário vira post



Na sequência deste do post A gestão privada é outra coisa do Pedro Silva do blogue Armadilhasparaursosconformistas fiz o seguinte comentário, ao qual o mesmo Pedro Silva desafiou a publicar em forma de post (vai com erros e tudo):

Bem, falto eu, a 6ª pessoa a ler o blogue.
Eu acho no mínimo hipócrita, relembre-se o discurso neoliberal de que é preciso correr riscos e veja-se os riscos que correm os gestores obsoletos de Portugal, é muito mais arriscado ser um trabalhador assalariado do que ser dono e gestor de uma empresa. Só tugas muito distraídos é que confundem capacidade de pôr dinheiro ao bolso com dinamismo e capacidade de gestão. Mas eu sou o Satanás a criticar estes exemplares tugas, estes Mourinhos da nossa sociedade, eu tenho é inveja...

Assim sendo temos gestores a auferir salários de qualidade e sem sentirem a instabilidade das suas políticas de gestão erróneas, nas quais se inclui o documentado exemplo da aventura com a Eureko. Além disso vemos que estes neoliberais nem sequer respeitam a sua ideologia mãe, o liberalismo, que por definição defende a liberdade e competitividade sendo que tal é incompatível com monopólios. Ora as OPAs nada mais são do que a tentativa de criar monopólios, além disso sabemos perfeitamente quem vai pagar o investimento, vai pessoal para a rua, decresce a qualidade do serviço mas ficamos com um mercado
monárquico regido pelos nossos exemplares gestores que têm um gozo imenso pelo risco...

Quanto ao Mexia e o seu camarada nada a dizer, amigos são para as ocasiões

Um país em que os maiores lucros estão no sector bancário que não produz mais valia nenhuma a não ser prestar serviços, acho que diz bem das potencialidade sque a nossa economia tem para vir a ser competitiva. É uma herança seremos sempre os comerciantes espertalhões, os tipos do desenrasca, mas tecnologia, emprego, inovação...isso fica para os burros dos nórdicos...coitados.

Imagino se o dinheiro estivesse todo concentrado nos serviços públicos, ia se assistir a um discurso por parte dos neoliberais que encaixaria na perfeição para os bancos privados...

P.S. Acabo de saber que morreu a "mãe" destes beneméritos, JK Galbraith, os meus sinceros pêsames e que juntamemente com o homem morra alguma parte do seu legado e fique outra.

sábado, abril 29, 2006

Descubra você mesmo...



...qual destas imagens representa a superioridade Ocidental?



P.S. Uma pista, atente na resolução das imagens para decifrar o enigma.

quinta-feira, abril 27, 2006

Cansaço

Ao Pedro o desassossego dá-lhe sono.
A mim consome-me o cansaço.


O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

O legado de Bagão Félix



No debate ocorrido esta tarde na assembleia reparo que a direita não consegue fazer oposição, o que é naturalíssimo dada a dificuldade de se opor as suas próprias políticas.
Sobre a questão em concreto da Segurança Social, nada mais previsível, um país que criou todo um sistema que salvaguarda os direitos de quem é abastado e joga as crises com os salários e pensões de quem menos tem...só podia dar nisto. E até podia estar eu a regozijar-me porque agora iríamos mudar de rumo, mas não. A reforma da segurança social está a ser feita numa base do tipo "ou continuas a trabalhar para ter a reforma que tinhas direito pelo trabalho que já realizaste ou então...chucha no dedo."
Assim sendo não estão a ser criadas novas fontes de financiamento, está se simplesmente a obrigar quem não teve culpa no cartório a pagar a insustentabilidade da segurança social. Ora quem não teve culpa no cartório foram os que descontaram para a segurança social e não fugiram aos impostos, nessa categoria estão os tão idolatrados funcionários públicos que recebem os seus ordenados já descontados.
Então mais uma vez toma lugar nesta discussão a questão público vs privado, que não é questão meramente ideológica (embora divida claramente os aspectos ideológicos) é uma questão concreta de formas de gestão completamente diferentes. Assim sendo atente-se nas mordomias de quem quer começar um empreendimento, sabendo que quer comceçar um empreendimento não é necessariamente pobre.

Por exemplo para uma sociedade por quotas:
"Responsabilidade
Neste tipo de sociedade a responsabilidade dos sócios encontra-se limitada ao capital social, excepto quando o capital não se encontra integralmente realizado, caso em que os sócios são solidariamente responsáveis por todas as entradas convencionadas no contrato social. Os sócios apenas são obrigados a outras prestações quando a lei ou o contrato assim o estabeleçam. Apenas o património da sociedade responde perante os credores pelas dívidas da sociedade.
"

As empresas são taxadas através dos rendimentos que auferem os empregados, agora vejamos algumas das consequências disso mesmo:
- As empresas que menos empregam (leia-se menos riqueza criam para a sociedade) são as menos taxadas
-Este processo fomenta os baixos ordenados, os despedimentos e privilegiam as grandes empresas que se caracterizam por mais tecnologia menos mão-de-obra.
-Cria factor de desiquilíbrio no mercado (grandes empresas pouca taxação vs pequenas empresas mais taxação)

Assim sendo temos o sector privado responsável pela fuga ao fisco e evasão fiscal, responsável pelos grande número de desemprego, pela exploração do proletariado e grande contribuinte para a desigualdade social a passar pela crise com pés de lã. Aliás a crise têm servido principalmente para gerar maiores factores de concentração.
O caso particular dos bancos, entidades que não produzem mais valia nenhuma, prestam sim serviços como empréstimos, leasings, créditos habitação que são precisamente os serviços mais beneficiam com a crise. Assim sendo a crise agrava a crise porque beneficia entidades que não produzem mais valia para a sociedade (a não ser que os lucros devidamente fossem taxados), então mas afinal a actividade económica existe para gerar bens de consumo e prestar serviços à comunidade ou para satisfazer os caprichos duma minoria à custa de uma maioria?

"Navegar" é preciso!

Portugal precisa de mais exemplos como ESTE! É a prova de que a Internet pode ser utilizada para discutir tudo! Desde já deixo aqui as minhas homenagens ao professor de EMR que teve a ideia de pôr os alunos a debater educação sexual em rede! Palmas senhores palmas!
P.S. - só falta mesmo é implementar este tipo de aulas OBRIGATÓRIAS em todos os níveis de ensino! E agora Sócrates? Por que esperas?

quarta-feira, abril 26, 2006

As Leis são para cumprir!

Ou será que não? Antes de obter uma resposta definitiva é preciso lembrar que estamos em Portugal, o mesmo país onde os processos na justiça são morosos q.b., onde as filas de espera nos hospitais nunca mais acabam e onde à entrada de Lisboa ainda existem placas a localizar a Expo 98... Enfim, a estes (maus) exemplos vem-se juntar mais um. Desta vez é a obrigação de colocar painéis electrónicos nas auto-estradas e SCUTs a comparar os preços praticados pelas estações de serviço que está a falhar. De quem é a culpa? Do governo pois claro! Apenas porque a legislação já entrou em vigor (desde 1 de Janeiro deste ano) mas ainda não se decidiu quem paga os referidos painéis. Mesmo não percebendo muito do assunto apetece-me perguntar: será assim tão descabido de sentido utilizar, para esse efeito, os painéis que se encontram espalhados pelas auto-estradas e SCUTs nacionais? São os painéis em que já se afixam as horas e se são electrónicos, não deve ser assim tão difícil inserir os preços da gasolina! Será que eu estou a divagar ou andam a arranjar mais uma maneira de "lixar" o consumidor?

terça-feira, abril 25, 2006

Sempre!

Dia dos democratas



No dia em que se celebra o nascer de uma civilização moderna, é o dia dos democratas festejarem e os demais saudosos rangerem os dentes (ou placas).
A revolução levada a cabo no dia 25 de Abril de 1974 trouxe a modernidade a Portugal, obrigou-nos a pensar a política e trouxe também a responsabilidade de gerir o destino do país sem nos podermos refugiar nas desculpas de entidades super poderosas.


Antes do 25 de Abril:

Uma sociedade gerida pela ignorância e para a ignorância, a propaganda de ideais simples de modo a criar uma identidade, simplesmente para aparentar que o povo tinha algum sentido e influência no processo. Valores rebuscados, dogmatismo e maus tempos para se pensar em "ous" e "ses".
Deus, pátria e família, três palavras que escondiam o vazio de um regime totalitário despido de ideias políticas e cheio de intenções moralistas. Controlo da informação, P.I.D.E., dissidência punível e censura q.b. misturada com "água benta". Estado Novo que cheira a velho, bafio intenso de moralismo católico e inaptidão para compreender a diferença.

25 de Abril:

A revolução dos cravos, militares que perceberam que não estavam a cumprir a autoridade mas a cumprir os caprichos do autoritarismo. Insatisfação generalizada, mortes pela manutenção das colónias, prisões por "delito de opinião"... Até o povo mais sonolento acorda ...
Revolução pacífica, muito mais fica por fazer...


Pós 25 de Abril:

Depois das naturais confusões da transição de um regime fascista para um regime democrático, depois do 25 de Novembro sobra-nos uma democracia. Ainda hoje assistimos a uma discussão estéril sobre o 25 de Abril, o que trouxe a revolução? como é possível que depois da revolução ainda tenhamos este grau de insatisfação? Ora a discussão é estéril porque discute-se o que 25 de Abril trouxe para a actualidade, a revolução abriu caminho para sermos responsáveis pelo destino e políticas de gestão do nosso país, ao pormos a questão dessa maneira não estamos a perceber as consequências da revolução e as exigências de uma democracia. Todo o processo seguinte à revolução deve ser discutido à luz das decisões tomadas em democracia, a possibilidade da gestão democrática foi nos concedida pela revolução e era esse o papel vital da mesma.
Na actualidade ainda se divide opiniões por saudosos do antigo regime que não compreendem a descolonização e democratas que percebem que a democracia chegou a Portugal e que teria também de chegar às colónias, o que implicava que estas deixassem de ser colónias.


"O 25 de Abril de 1974 continua a dividir a sociedade portuguesa, embora as divisões estejam limitadas aos estratos mais velhos da população que viveram os acontecimentos, às facções políticas dos extremos do espectro político e às pessoas politicamente mais empenhadas. A análise que se segue refere-se apenas às divisões entre estes estratos sociais. Em geral, os jovens não se dividem sobre o 25 de Abril. Existem actualmente dois pontos de vista dominantes na sociedade portuguesa em relação ao 25 de Abril. Quase todos, com muito poucas excepções, consideram que o 25 de Abril valeu a pena. Mas as pessoas mais à esquerda do espectro político tendem a pensar que o espírito inicial da revolução se perdeu. O PCP lamenta que a revolução não tenha ido mais longe e que muitas das conquistas da revolução se foram perdendo. As pessoas mais à direita lamentam a forma como a descolonização foi feita e lamentam as nacionalizações."

Murais da história...

LI VERDADE

Li verdade
nas canções
nos murais
nos corações
no sofrimento

Liverdade.


O que (ainda) faz falta:

Zeca Afonso - O que faz falta

sexta-feira, abril 21, 2006

Não é parvo de todo

António Vitorino, o político com menos sentido de oportunidade (a meu ver claro está) escreve este artigo bastante interessante. Sempre com aquele toque de bom representante do bloco central, questionando, pondo em causa algo sem no entanto se comprometer muito pois para ganhar eleições é preciso ser sereia (nem carne, nem peixe e com uma voz de encantar tolos).
Este questiona o facto de se considerar os valores da Europa demarcadamente de matriz cristã.
É natural que ele questione esta visão estupidificante e tendencialmente xenófoba da Europa com a meiguice de quem tem algo a perder.
Contemplando sobre as palavras de Ratzinger é possível encontrar contradições, uma delas reside na colagem simbiótica que o mesmo faz entre o iluminismo e o cristianismo, transmitindo uma complementaridade e suavidade onde houve choque e atrito. Ratzinger não conteve, mais uma vez, a sua angústia por haver quem relativize e assim escape às garras do conformismo da consensualidade ou das verdades reveladas, assim sendo faz mais uma revelação para o seu numeroso rebanho: a negação da Europa reside no relativismo.
Vitorino consegue muito bem focar os desafios da Igreja para estes tempos que se avizinham:

"Este é o verdadeiro dilema da Igreja de Bento XVI: encontrar, do ponto de vista doutrinário e pastoral, o ponto de equilíbrio entre a tolerância perante as demais religiões (o diálogo ecuménico no próprio espaço europeu) e ao mesmo tempo combater a "a-religiosidade" e o relativismo de valores nas sociedades europeus, uma tarefa a que o predecessor do actual Papa chamou "a reevangelização da Europa"."


Constata também alguma indignação pelo facto do Tratado Constitucional da União Europeia fazer um singela referência à "herança religiosa". Em programa televisivo não identificado, D. Saraiva Martins insurge-se dizendo que "factos são factos, outra coisa é a sua interpretação". António Vitorino contrapõe dizendo que ainda existe a dualidade se de facto não se trataria dum herança judaico-cristã e que para admitir a influência cristã seria também necessário englobar outras influências minoritárias de correntes religiosas.
Eu simplesmente digo que se factos são factos devíamos consagrar todos os movimentos culturais, intelectuais e afins que se congregaram na Europa e que isso tinha duas implicações aborrecidas: consagrar o relativismo como uma corrente que influenciou a construção da Europa e documentar a Inquisição como uma das fases fundamentais da construção da Europa (fundamental não quer dizer que tenha de ser positivo)

Já agora...

...aproveito este espaço para colocar aqui uns grandes ( )

Choque tecnológico


Parece que houve um verdadeiro choque tecnológico no parlamento, isto porque as votações electrónicas correram à boa moda portuguesa e então surgiu a necessidade de verificar as assinaturas e averiguar as presenças. Mas claro, estava aqui uma bela oportunidade para o regabofe, assim sendo normalmente o CDS ganha protagonismo, não deixa de ser interessante que um partido que pretende um Estado invisível e que tem a bondade de exportar património do Estado para os privados tenha protestado contra o fecho de maternidades. Vindo de quem vem, este voto de protesto vale "nickles", era o mesmo que Saddam fazer greve da fome em protesto pela falta de democracia...não cola, pois não?
Apesar da rambóia fico satisfeito pela lei da Paridade ter sido aprovada, à semelhança da votação esta questão da igualdade de oportunidades só vai lá ao trambolhão, mas há-de ir...ao sítio.

Vai uma partida de Bowling?

quarta-feira, abril 19, 2006

Desabafo musical

Com Bush a tentar legitimar a invasão do Irão, com Mahmud Ahmadinejad a garantir que vai "cortar a mão aos agressores", com o petróleo a atingir novos máximos, com o desemprego a aumentar nos licenciados, com a extrema-direita em Inglaterra a poder conquistar um quarto dos votos só me apetece dizer:

"I'm a living sunset
Lightning in my bones
Push me to the edge
But my will is stone

Fools will be fools
And wise will be wise
But i will look this world
Straight in the eyes

What good is a man
Who won't take a stand
What good is a cynic
With no better plan

Reality is sharp
It cuts at me like a knife
Everyone i know
Is in the fight of their life

Take your face out of your hands
And clear your eyes
You have a right to your dreams
And don't be denied

I believe in a better way"

Better Way - Ben Harper - Both Sides of the gun

Desafio aceite

O amigo Golfinho desafiou-me a mim e outros bitaiteiros a divulgarem uma instituição de solidariedade.
Assim sendo e no seguimento da paranóia do nuclear escolhi a seguinte:




LINK

O desafio segue para:
Pedro Morgado
Rui-son
Heliocoptero

Incorruptíveis

Todos sabemos que a batalha no Iraque é pela democracia e está a ir bem, visto que no Iraque já se praticam alguns dos bons costumes das democracias ocidentais.

sábado, abril 15, 2006

Aprender a caminhar?

Os surrealistas, em 1949, afirmaram:

"Quem caminha aprende que toda a caminhada expõe a cair, mas, para nós, a queda vale mais do que a segurança de estar parado."

Eu subscrevo e repito, articulando bem cada palavra, tomando-as como um ensinamento que esqueci...

sexta-feira, abril 14, 2006

Mais um pouco de surrealismo...

PARA BEM ESCLARECER AS GENTES
QUE CONTINUARAM À ESPERA,
OS SIGNATÁRIOS VÊM INFORMAR QUE:
no transcurso das experiências efectuadas (dez) regressaram das suas casas em S. Paulo Londres Áfricas e Edimburgo.
acharam as experiências boas (os netos estão chegando).
já viram por aí alguns amigos que inexplicàvelmente se transformaram em patas.
leram uma revista portuguesa que diz que o surrealismo é imortal. Telefonaram imediatamente.
viram com apreensão que o prémio Nobel tenha ido parar outra vez ao estrangeiro e decidem dedicar-se exclusivamente à pintura, com vistas ao Soquil, ao Mobil da Arte, ao Pancho e ao Zuquete, prémios muito mais fáceis de obturar. Um dos signatários já tem um saco de lona, o outro é de borracha com apito e ainda há um com atilhos de sola galega.
saúdam com aprumo o Doutor José Augusto França pela sua nomeação para a Vice-Presidência da Associação Internacional de Críticos de Arte, cargo que foi receber à Bolívia. Os Doutores José Augusto Espanha, José Augusto Itália e José Augusto Irlanda do Norte já têm menos que esperar.
dezanove anos depois continuam a ter por aí um peixe frito e que mantendo, como é seu hábito
vão organizar com severidade os serviços de corta-mato e de corta-gato que cada vez mais necessários se tornam à organização e honradez do Movimento Marítimo - entradas e saídas de barcos a pavor.
Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas, Mário Henrique Leiria
in Mário Cesariny, Antologia do Cadáver Esquisito (1961)

segunda-feira, abril 10, 2006

O Rui canta vitória....

...eu digo:
Maldita democracia, onde o povo é quem mais ordena.

A Europa e o sentido de oportunidade

Bela a altura que a Europa escolheu para suspender a ajuda ao governo palestiniano, isto porque recentemente o terrorismo tem vindo dos lados israelitas. Pois é já me esquecia, não existe terrorismo de Estado, existem sim forças legitimadas democraticamente para fazer atrocidades em nome da democracia, assim sim está melhor. Após os ataques na Faixa de Gaza e na Cisjordânia a Europa decidiu de forma "sensatíssima" pedir aos palestinianos que reconheçam o Estado que lhes tem morto e explorado até ao tutano. Acho muito bem, já viram o que era vir agora exigir aos israelitas que cumprissem as fronteiras e que não atacassem de forma cruel e arbitrária? Isso era de uma falta de sensatez atroz.

Mais grave ainda:

"chegaram a acordo para que não exista qualquer contacto a nível político (com o Hamas). Os contactos serão mantidos, se necessário, a níveis inferiores, apenas em questões práticas».

O seu homólogo holandês, Ben Bot, acrescentou que a UE procurará formas alternativas de fornecer dinheiro a projectos humanitários. Ou seja, «não haverá ajuda para as organizações do Governo Hamas, mas manteremos a ajuda humanitária», indicou Bot, acrescentando que a UE"

A Europa demonstrou de forma inequívoca que a democracia é para eles apenas uma fantochada, qualquer regime que mantenha inalterados os interesses estratégicos e económicos é aceitável. Estamos a boicotar a viabilidade política ao Hamas, estamos a exercer terrorismo político. Recusam ajuda ao partido político Hamas mas continuam com a ajuda humanitária, é preciso ser hipócrita, precisamente quando se sabe que o Hamas ganhou eleições em contraste com a corrupção da Fatah e pela ajuda humanitária que exercia.


P.S. É triste ver como nós "democratas" Ocidentais somos os primeiros a boicotar os mecanismos democráticos e como um Hamas recém convertido do terrorismo para a diplomacia já dá lições na matéria a uma Europa vazia de democracia e cheia de "nadas" materiais.

Outras perguntas pertinentes

Quando será que saem os resultados dos maravilhosos estudos sobre a energia nuclear levados a cabo pela ordem dos engenheiros?
Não me digam que era só um show mediático para ver se os Tugas engoliam o sapo?

Vitória Vitória...

...mas ainda não acabou a história! Depois de 12 semanas de contestação, os franceses mostraram ao mundo que o povo ainda é quem mais ordena ao encostar Sarkozy, Villepin e ainda Chirac à parede (e ainda tiveram tempo de lhes apertar os órgãos reprodutores)! Logo pela manhã reuniram-se estes "três da vida airada" e a saída (que lhes era apontada há várias semanas pelos cidadãos que saíram à rua) foi retirar o putrefacto CPE. Pode-se agora respirar um ar mais despoluído, no entanto a expressão usada pelo "trio maravilha" não foi "retirar" o CPE mas sim "substituí-lo por um documento que favoreça a inserção social dos jovens em dificuldades". O que vale é que os francíus não dormem em serviço e as organizações sindicais prometem continuar com as manifs enquanto não souberem do que trata este novo texto (com estes não fazem farinha)! Enquanto espero com ansiedade o desenrolar dos próximos capítulos faço um apelo aos que lerem este post: se mostrarmos aos nossos governantes "quem é que veste as calças" talvez os consigamos pôr mais na linha mesmo que os tenhamos eleito democraticamente! Como diria John Lennon "You may say I'm a dreamer/But I'm not the only one/I hope someday you'll join us/And the world will live as one"!

sexta-feira, abril 07, 2006

A propósito da CNN

Vejam este vídeo em que um homem furioso ataca ferozmente o presidente Bush. Ou seja vejam o vídeo e depois comparem com o título:
"Angry American scolds president"

Ao que parece um abraço entre duas crianças é algo extremamente pecaminoso ou pelo menos pode induzir ao pecado. Nesta escola parece estar a ser feito um combate à homossexualidade reprimindo as minímas manifestações de afecto entre crianças do mesmo sexo:
"Five-year-hold in hot water over hug"

quinta-feira, abril 06, 2006

A arte de falar sem dizer quase nada

Perguntas pertinentes


As meias são iguais ou são simétricas?

Cegueira selectiva


Mais um rapaz que não se contêm na sua perspectiva onanista e maravilhada de um ocidente que salva uma nação perdida. Esta argumentação é típica e a razão pela qual a imprensa anda pelas ruas da amargura no que diz respeito a qualidade, qualquer pessoa percebe a estratégia do opinador, trata-se de estupidificar e diabolizar a dissidência.
Aliás, se lido com leveza eu seria capaz de me revoltar contra mim mesmo, porque aparentemente pessoas como eu só querem o pior para o Iraque.

"Passados três anos sobre o início da intervenção, talvez fosse a boa altura para aqueles que passam o tempo a antecipar eventos apocalípticos que não ocorrem se questionarem sobre a credibilidade que se lhes pode atribuir. Isso ajudaria toda a gente a perceber que aqueles que seguem a narrativa do "atoleiro", da "resistência" e da "guerra civil" não estão a fazer o relato do que acontece nem estão a analisar. Estão apenas a tentar, através de métodos próprios da feitiçaria, que as suas palavras se transformem em realidade."

Luciano Amaral sofre daquilo a que eu chamo de cegueira selectiva ou o mais comum "só vê o que quer ver". Isto porque este constata que não existe nenhuma guerra civil no Iraque ou seja os inúmeros atentados quase diários não são motivo de alarme porque ainda não surgiu no horizonte vocabular as duas palavrinhas mágicas: guerra civil. Portanto se não o dissermos é como se tudo estivesse bem, as 100 mil mortes são apenas danos colaterais e os mortos resultantes de atentados e execuções são quezílias domésticas. Mas não se preocupem porque guerra civil não há e mesmo que houvesse as palavrinhas ainda não circulam nos meios de comunicação e isso é o equivalente a não existir.

A frase seguinte recuso-me a comentá-la mas fica o registo para apreciarem. Sabendo que ser professor universitário não nos concede honestidade intelectual e infelizmente esta também não se adquire por osmose, caso contrário eu oferecia de bom grado uma tina de água com honestidade intelectual dissolvida, sem me preocupar com a concentração da mesma visto que perante a ausência de honestidade intelectual qualquer meio contendo honestidade intelectual é mais concentrado.

"Ou talvez preferissem a "paz" saddamita, sob a qual se estima que tenham morrido cerca de 700 mil pessoas. Segundo a agência americana Iraq Body Count, morrem hoje naquele país, em média, cerca de 30 pessoas por dia. Mais uma vez, como diz Mark Steyn, mesmo se tomarmos por verdadeiros esses números de fonte suspeita (a Iraq Body Count pretende o fim da presença americana no Iraque), ainda fica uma margem de centenas de milhares de mortos para que a ocupação atinja a mesma eficácia genocida da situação anterior. Ou talvez preferissem que Saddam não tivesse sido deposto e continuasse a ameaçar o Koweit, a Arábia Saudita, o Médio Oriente e, logo, o Ocidente, e que não tivesse havido três eleições e a redacção de uma constituição aceitável sobre a qual é possível pensar em construir um regime consensual."

Já agora veja-se o quão insuspeito é Mark steyn, tendo em conta que ele tem um livro chamado "The CNN´s cold war" em que este visa a "mania da perseguição levada a cabo" pela CNN.

"O Iraque actual não é, de facto, a sétima, nem sequer a sexta, maravilha do mundo, mas tem muitas vantagens sobre o antigo."

Que rapaz modesto, eu ouvi dizer que lá os passarinhos cantam e as criancinhas correm alegres nos jardins.

Enfim, de facto o ensino deve estar mesmo mal, porque veja-se este professor universitário que não consegue exercer uma opinião sobre política internacional sem sair do registo do "gajo de Alfama". Opinação directa, simples, sem grandes porquês, sem se analisar a si mesmo, considerando qualquer dissidente uma fonte suspeita e os seus "compadres" íntegros analistas da situação internacional. Se calhar eu tinha mesmo razão, o sucesso do ensino está em mostrar ao aprendiz como não ser (não quero generalizar mas já o fiz, não foi?).

terça-feira, abril 04, 2006

A Cabovisão a dar bons exemplos!

Pois é! Recebi hoje mesmo na caixa de correio este belo panfleto desdobrável da Cabovisão que publicita os serviços desta companhia. Mas qual não foi o meu espanto ao ver esta parte e ler o slogan "Internet de Banda Larga para download de qualquer banda"! Então os downloads de música (tirando os do Itunes) não são ilegais? Até li AQUI que há uma perseguição a esta gente mefistofélica! É caso para dizer: quando são as próprias empresas de fornecimento de serviços de Internet a exortar aos downloads, vamos ser nós, meros cidadãos comuns a contrariá-las?

segunda-feira, abril 03, 2006

A ler...


(clicar na imagem)

Aveiro...Hoje (há minutos atrás)

Infelizmente o enquadramento não é o melhor, mas com o sol que dava no visor da máquina digital era difícil fazer muito melhor. No entanto dá para ter uma ideia de Aveiro "pós-cheias".