terça-feira, fevereiro 14, 2006

Polícas, políticas, socialismos à parte

(Este é um excelente texto para quem quer dormir e não consegue...ao menos dêem-me esse crédito.)

Eu cá acho que mentir é feio, e ouvir o Sócrates a dizer que é de esquerda e que temos um (um não o) partido Socialista no poder é uma mentira sem precedentes.
A esquerda não tem futuro porque há quem tome medidas de direita em nome da esquerda, nem sequer lhe foi dada a oportunidade de falhar porque já falharam por sua vez. Já me cansa o paleio de que a esquerda e direita é tudo o mesmo, aliás são discursos típicos de quem não consegue ver para além do espectro político de direita e que acha que para além do bloco central só para a direita.

Isto porque leio um artigo sobre a segurança social e vejo que Vieira da Silva já se rendeu aos encantos de ser um "Socialista", não aprovando um projecto lei do PCP que previa a taxação sobre o valor acrescentado bruto (VAB) considerando que este afectaria a competitividade das empresas.
Eu até pensei voltar à questão da responsabilidade social que as empresas têm descartado, mas nem vou por aí. Basta pensar em que competitividade está a falar Vieira da Silva, a nível nacional? A nível mundial? Se este projecto lei fosse aprovado seria exercida a taxação sobre as empresas que exercessem actividade em Portugal, logo sendo todas igualmente sujeitas a esse critério como é que umas ficam diminuídas em relação às outras? Pura e simplesmente não ficam. A competitividade é uma medida de forças entre diferentes empresas e serviços. Se o mercado funcionar de forma regular, alguns factores óbvios de competitividade serão: preço, capacidade logística, localização, inovação, optimização etc...
Ora estes factores englobam encargos para as empresas e é baseado nisso que o Ministro do Trabalho e da Solidariedade refere que estes encargos adicionais são para as empresas um factor de decréscimo de competitividade. A falácia deste argumento explica-se pelo simples facto de os factores de competitividade não serem factores absolutos mas sim relativos, na medida que surgem da comparação entre empresas, sendo assim uma legislação que fosse aplicada sobre todas as empresas não seria destabilizante.
O preço não é competitivo por si só, é-lo porque as outras empresas praticam preços mais caros, ou seja todos os factores até podiam ser melhores ou piores do que são na actualidade mas eles medem-se no sentido comparativo ao que existe no mercado.

Mas se depois mostra-se preocupado com as situações fraudulentas dos que tem pouco:

"Vieira da Silva defendeu ainda uma revisão global de todas prestações sociais, de forma a que "sejam dirigidas apenas a quem delas necessita" e a acabar com as utilizações indevidas."

Eu acho extremamente positivo as palavras acima transcritas, com um pequeno senão: os exemplos escabrosos de figuras conhecidas que acumulam reformas volumosas, isto é um exemplo de má gestão. Nas regras de boa gestão diz-se claramente que o gestor deve sempre mostrar a equidade das suas medidas, até para conseguir uma melhor mobilização do "operador" no processo.

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