sexta-feira, janeiro 15, 2010

Ouvir o tuga dizer que "não há dinheiro" em Portugal e depois analisar a realidade é um exercício deprimente

Os investidores da Bolsa de Lisboa tiveram os seus activos valorizados em 33,5% em 2009, a segunda maior subida da Europa, depois da Bolsa de Amesterdão (36,34%).

A empresa que mais se valorizou foi a Sonae (99,08%), seguida por Sonaecom (92,24%), Altri - produtora de pasta de papel (90,69%), Cimpor (84,74%), Jerónimo Martins (75,94%) e Teixeira Duarte (74,92%). As maiores empresas industriais, de comércio e serviços valorizaram-se mais do que a banca.

Segundo o jornal I de 26 de Dezembro de 2009, os 16 principais accionistas portugueses terão tido ganhos superiores a 5.300 milhões de euros e os 10 maiores 5 mil milhões.

Américo Amorim foi o que mais ganhou - 1.175 milhões de euros, continuando a ser o mais rico da bolsa portuguesa.

Soares dos Santos, o senhor da Jerónimo Martins - empresa detentora de uma grande cadeia de distribuição, foi o segundo maior ganhador com 1.075 milhões de euros.

O terceiro maior ganhador da bolsa portuguesa foi Belmiro de Azevedo, o patrão da Sonae, com 811 milhões de euros.

Nos dez que mais ganharam em 2009 incluem-se ainda: Vasco de Mello - presidente do grupo José de Mello - com 383 milhões de euros; Ricardo Salgado - líder do grupo Espírito Santo - 371 milhões, Horácio Roque (Banif) 67 milhões, Joaquim Oliveira (Controlinveste e Sport TV) 63 milhões, Luís Silva (Cinveste e ex-patrão da Lusomundo) 47 milhões, Pinto Balsemão (Impresa) 41 milhões e Joe Berardo 33 milhões de euros.

sexta-feira, janeiro 08, 2010

Um bocadinho mais democrático

Portugal caminha no sentido de se tornar um país um pouco mais democrático, isto porque finalmente o PS decidiu dar uma de esquerda (pena que somente nesta matéria). À esquerda "sempre" existiu vontade (BE), disponibilidade (Verdes) e aceitação (PCP) para acabar com a discriminação que impedia casais homossexuais de aceder ao casamento civil que, simultaneamente, acarrateria uma série de ganhos em matéria de direitos (acompanhar doença do parceiro, heranças...).


Apesar de tudo, a questão da adopção promete prolongar este combate durante mais algum tempo, porque o que o PS fez foi introduzir, imagine-se, uma discriminação que não existia. Ou seja, por estranho que possa parecer, um casal homossexual não podia adoptar até aos dias de hoje, não por negação expressa, mas porque não podia ser um casal formalmente reconhecido pelo Estado como casado. Aliás, esta proibição encerra até uma discriminação entre homossexuais casados e não casados, porque um elemento homossexual com uma relação não assumida/contractualizada pode adoptar, ao passo que um casal homossexual casado não pode. Esta proibição do regime de adopção é inconstitucional e viola o artigo 13º, o qual eu transcrevo de seguida:






Mais uma vez, parece que o oportunismo político de Sócrates não se esgota, instrumentalizando direitos civis para prolongar, através de um imbróglio jurídico, um circo mediático que o afaste da análise crítica. É óbvio que Sócrates e "sus muchachos" sabem da inscontitucionalidade da medida, logo querem prolongar esta querela mediática com dois objectivos: evitar discutir outros problemas onde o exercício da governação é calamitoso e desresponsabilizar-se da decisão que obrigatoriamente teriam de tomar, que era não inibir a adopção a casais homossexuais. Repare-se que se o PS somente legislasse no sentido de permitir o casamento, a adopção era automaticamente possível porque nada previa, até então, o contrário.


P.S. Não foi o "casamento gay" que foi legalizado, foi o casamento homossexual (gays e lésbicas)

Don't try so hard, go out and play

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Mercados municipais - perigo iminente



O vereador com o pelouro dos Mercados e Feiras do CDS-PP Miguel Fernandes considera pertinente instalar câmaras de vigilância nos mercados municipais. A questão que se põe é, logicamente, porquê nos mercados municipais? Será que existe alguma condição especial que justifique esta medida, será que existe perigo iminente nos mercados municipais que o comum cidadão desconheça?

A justificação do vereador diz tudo, não dizendo nada: "Se pensarmos em termos de segurança dos comerciantes, dos seus bem e do público em geral este sistema poderá dissuadir actos de vandalismo e contribuir para melhorar a qualidade de vida dos munícipes e comerciantes".

Um justificação tão generalista, leva a que a medida seja "razoável" e aplicável em todo o espaço público. Pode-se concluir que os mercados municipais terão video-vigilância não porque precisem, mas sim porque o vereador é do CDS-PP e como tal tem hipersensibilidade para questões securitárias. Por outras palavras, se o vereador tivesse o pelouro da cultura os teatros também teriam video-vigilância.

É bom salientar que, por exemplo, a Assembleia Municipal de Aveiro (Capitania de Aveiro) não tem video-vigilância, pelo menos que eu tenha reparado. O que é salutar, mas fazendo jus à desconfiança popular sobre os políticos...até se justificaria (ironia). Certamente que estes sistemas não resolvem nada, precisamente porque incidem sobre a pequena criminalidade e actuam indiferenciadamente, expondo lícitos e ilícitos. Não quer isto dizer que a video-vigilância é toda ela inócua e desnecessária, o que sucede é que ela não deve estar à mercê de derivas securitárias sem critério. Nesta matéria, é também necessário acautelar mecanismos de protecção e sigilo dos cidadãos, nesse sentido, não deixa de causar estranheza que partidos à direita tenham considerado uma violação da "intimidade" a quebra do sigilo bancário (parece que o PSD já mudou um pouco a sua posição), mas considerem a video-vigilância algo positivo e inerte em matéria de privacidade.

Mas fica aqui a sugestão de um "upgrade" em matéria de segurança para o vereador Miguel Fernandes: um "striptease surveilance". Um sistema desenvolvido para aeroportos que expõe o passageiro até à sua roupagem natural. Seria curioso imaginar como o CDS-PP conjugaria o seu ávido desejo securitário com a sua vertente mais conservadora "democrata cristã" (tem mesmo de estar entre parentesis, um partido que se diz cristão não pode ser democrata, precisamente porque não percebeu que a laicidade é condição de democracia).