Embora na realidade até possa não se tratar de cobardia, mas sim de oportunismo político, foi o que se ouviu na assembleia e a assembleia precisava de ouvir algo. A democracia continua a não se cumprir,
o Estado continua a marginalizar pessoas cuja orientação (pelos vistos tem de ser obrigatoriamente uma orientação e não uma opção) sexual é homossexual.
Assumo hoje um pesar, pelo facto de Portugal continuar pobre, em direitos e democracia.
Não resisto a comentar o disparate nacional dominante da homofobia envergonhada, parece afinal que devemos ter em conta o "conceito" casamento e o que ele representa para a sociedade e, por isso, manter pelo menos o nome casamento em exclusividade para os casamentos entre pares heterossexuais.
Alguns apontamentos sobre o assunto:
-> Menciona-se uma eventual concepção da sociedade sobre um conceito, como se houvesse uma posição clara sobre este assunto.
-> Quem defende esta tese deve se assumir (afinal quem são os maricas?), dizer o que pensa e não criar uma sociedade à medida das suas intenções, se o fizer está a abandonar o campo da hipocrisia e contribuir para o debate.
-> Mesmo que a maioria da sociedade esteja incomodada com a possibilidade de um casal homossexual poder ser feliz, ter um contracto público que assuma isso mesmo e as benesses desse estatuto, isso não justifica que mantenhamos a injustiça porque ela tem muitos defensores. Os valores valem por si, pela lógica e razão que carregam consigo, não valem porque muita gente abdicou de pensar. Em última análise, o mundo devia ter ignorado a sociedade Nazi, não devia ter intervido, porque na Alemanha de Hitler os benefícios da exploração da miséria humana eram bastante consensuais.
-> Diz-se ser possível, existir dois direitos completamente iguais com nomes diferentes, só que o código civil não aceita parvoíces, e as coisas que são iguais têm nomes iguais. No momento de criar essa figura no código civil, a patranha ficava exposta, porque para distinguir as duas entidades, casamento e "qualquer coisa diferente", sendo elas rigorosamente iguais, teria de mencionar que a distinção passava somente pelo facto de uma ser para casais homossexuais e outro para casais heterossexuais.
P.S. Os Verdes, instrumento político do PCP, acham suficiente permitir à comunidade LGBT que se case, a verdade é que não chega, todos os direitos previstos para os cidadãos heterossexuais tem de ser extensíveis aos cidadãos homossexuais. Assim, o não reconhecimento ao direito de adopção materializa uma enorme nódoa no grupo parlamentar do PCP e Verdes, forças que se dizem de esquerda (e as outras também), não podem negar direitos básicos a elementos que, quer queiram quer não, são parte da sociedade.