segunda-feira, fevereiro 06, 2006

A outra "liberdade de expressão"

Nestes episódios já era esperado o oportunismo daqueles que não acreditam na liberdade de expressão, mas que até acham piada dizer mal dos outros. Por isso já há quem venha reclamar a superioridade do Ocidente, aparentemente isso é perfeitamente natural e está apenas aprisionado pelo politicamente correcto. Aqui as coisas começam a tomar contornos desnecessários, a batalha que eu travo é mesmo pela liberdade de expressão, recuso-me participar na exaltação de algo como contraponto a...

Também não me identifico com aqueles que tem dito que os cartoons são xenófobos e que parece quererem fazer tábua rasa de uma realidade porque a outra também não é bonita. Inclusivamente depois de terem alertado para a confusão do Islão com o terrorismo, não tiveram o cuidado de fazer o mesmo quanto à mistura da Islamofobia com aqueles que de facto defendem a liberdade de expressão.

As religiões têm o seu espaço, mas é preciso perceber que alguns movimentos conservadores que não podem com o Islão estão agora compreensivos porque a censura tem os seus encantos, mais uma categoria que eu ponho no caixote de lixo.

Liberdade de expressão, esta pode ser manifestada de várias formas, queimar bandeiras (desde que sendo propriedade sua, caso contrário é roubo) é legítimo, desenhar seja o que for é legítimo, agora deu-se um passo inaceitável no campo da acção, da violência para com outrem e destruição de património alheio.

Dado a complexidade desta temática e grande divisão que causa seria desejável, na blogosfera, uma conversa densa e menos soundbytes, até este bitaiteiro quando as coisas ficam sérias gosta de ouvir opiniões sérias e menos catarses de conflitos pessoais.

9 comentários:

J. P. disse...

Enfim...
Ou não se soubesse o que a casa gasta...
O maior erro desse sr. é não ouvir ou ler com atenção o seu Mestre e saber que ahistória repete-se, sempre.

J. P. disse...

P.S. para que conste referia-me ao Sr. Daniel Oliveira.

João Dias disse...

Eu penso que ele tem boas intenções mas acabou por cair no erro que ele próprio referia.
Eu até simpatizo com o D.O. mas desta vez acho que ele não está a ver a complexidade da situação.

J. P. disse...

"Sou contra a criminalização da liberdade de expressão. Sou contra a criminalização de opiniões homofóbicas, racistas, fascistas, negacionistas do Holocausto. Sou contra a proibição de ofender símbolos nacionais e de os destruir. Sou por toda a liberdade de expressão. Mas toda."

João, lê o artº 46/4 da nossa Constituição.

Este homem sabe o que escreve quando escreve? E é ele o conselheiro pesoal de Louçã?

João Dias disse...

"4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista."

É esta?
Mas aqui fala-se em associações, o que não impede por si manifestações de homofobia, fascismo etc, impede sim a criação de associações, não era a isso que o D.O. se referia.

J. P. disse...

Ele apela à liberalização total desses símbolos e, eles são proibidos na nossa ordem jurídica.
Imagina a venda livre no nosso país do Mein kampf, ou nas manifs do PNR ou da frente nacional de suásticas, como já aconteceu e foi-lhes proibido de o voltar a fazer.

A liberdade de expressão tem limites no nosso país, ele precisa de ter cuidado com o que escreve.

Vamos até onde, liberdade de expressão para pedofilia?

Até aquilo que fizemos nos nossos blogues ao colocar estas imagens têm consequências jurídicas na nossa ordem jurídica, no C. Penal. Felizmente, que o nosso Estado é laico e existe jurisprudência que nos permite fazer isto. lembras-te do papa com o preservativo?

No entanto, há limites para tudo. Não abdico desse artº, nem de dar liberdade de expressão a nazis e quejandos e o que essa teoria preversa
escrita pode ele pode atingir.

João Dias disse...

Ele diz que é contra a proibição de destruição de símbolos sejam eles qual forem, ou seja se alguém quiser pegar numa bandeira com a cruz suástica e queima-la, ele acha que a pessoa tem esse direito. Não vejo nas palavras que me citas a vontade de liberalização de qualquer tipo de símbolos.

Espera aí, sobre a pedofilia existe a liberdade de esta ser abordada pelo humor, já será natural que não seja permitido sites que pomovam a prática.
Ou seja existe a liberdade de penar em pedofilia, de falar em, de caricaturar, obviamente não existe a liberdade da prática. Ou seja o facto de não haver liberdade na prática não quer dizer que a pedofilia seja um tabu ou um tema que não se possa abordar livremente. Penso que está a ser confundido o campo de acção e campo da expressão verbal, gráfica etc..

Também não abdico do artigo, mas não me parece que ele entre em conflito com a liberdade de expressão.

J. P. disse...

João, nestas alturas, deixemos a guerra para os "Gigantes" e para quem lançou a polémica. Já extravasei demais o conteúdo do teu post. Só queria acrescentar, no entanto, que o apelo a esses tipos de manifestações constituem ilícitos no nosso C. Penal, por isso é que os blogues neonazis estão instalados
no blogspot, ou seja, num alojador internacional.
Não compreendo como é que uma pessoa é a favor da liberdade de expressão de nazis, só isso; tal é tipificado como ilícito na nossa Ordem Jurídica.

Nesta matéria, como comecei a escrever no início do comentário, eles que são
"grandes", que resolvam a questão. Eu quero ficar é bem contigo e convosco.
Por isso me "quedo" aqui :)
Há situações que nõ merecem, do meu ponto vista, excedermo-nos e ultrapassar certos limites em casa dos outros por palavras de terceiros, ainda por cima numa casinha (a vossa), que prezo muito.

Um grande abraço!

João Dias disse...

Golfinho,
Podemos trocar argumentos sem estragar a saudável convivência que temos tido.
É óbvio que existem divergências e conto contigo para expô-las sem receios, porque no fim sabes que são apenas discórdias nada que não permita continuarmos a concordar noutros assuntos.

Enfim eu acho que o que Daniel disse não entra em conflito com o artigo, é claro que deves perceber muito mais do assunto do que eu, mas fazendo a leitura que eu consigo, não consigo vislumbrar onde as palavras deste entram em conflito com o artigo.

Eu interpreto as palavras do Daniel como sinal de tolerância não um apelo, ou uma iniciativa de liberalização.
Acho bem que sejam proibidas as associações dessa índole, já me parece que não será aceitável, por exemplo, calar alguém que verbalize visões xenófobas, fascistas etc.
Por exemplo, o meu avô tem um busto do Salazar na sala, se ele me vem dizer que os pretos isto e aquilo, eu simplesmente contradigo-o com factos, mostro o meu total desacordo e satirizo a visão dele.
Eu acho que por bizarro que seja, o meu avô tem o direito e liberdade de ter o busto de ignóbil figura na sua sala de estar.