terça-feira, fevereiro 14, 2006

Terrorismo de Estado

O terrorismo de Estado é claramente uma questão de má fé da esquerda e também daqueles que, sendo de direita, percebem que a democracia é uma tarefa do dia-a-dia. Já vi argumentação no sentido de que uma democracia por si só inviabiliza o terrorismo, obviamente estas palavras que tanto foram úteis na prosa de defender Israel dos malfeitores que questionam tudo e todos, foram levadas pelo vento na altura do rescaldo das eleições na Palestina. Aliás sugiro a introdução de um novo conceito: a boa e má democracia.
Ora se no início deste post eu disse que isto era uma questão de má fé, se pensarmos na argumentação de democracia como razão óbvia e incondicional de supressão do terrorismo ficamos a perceber que de facto isto é uma questão de fé, vem uma democracia e puff...desapareceu o terrorismo.
Se o terrorismo dos pobretanas que são mentes moles para serem devoradas por um fanático cujo lucro comercial é sua fé, o terrorismo de Estado pelo seu calculismo e também igual crença no poder do dinheiro (crença bastante real diga-se) não é menos condenável.

Ora, além dos E.U.A. temos outros mestres no terrorismo de Estado (não é preciso muita preocupação com este tipo de terrorismo porque este não mata ocidentais): Israel.
O Dito Cujo faz um historial das suas afirmações acerca da guerra que se avizinhava, eu também achei que sim, além disso estava com espírito aventureiro e disse que Israel também era um país bonzinho para nos salvar dos mauzões.
No artigo do DN que linkei no post das 8:23 podia ler-se:

"Recorde-se que Bush afirmou "Defenderemos Israel no caso de um ataque do Irão", enquanto um alto responsável israelita, quando inquirido sobre um eventual ataque de Israel às instalações nucleares iranianas semelhante ao de 1981 contra o reactor de Osirak, no Iraque, afirmou que "a nossa política nessa matéria é seguir a liderança dos EUA"."

Além disso este artigo dá uma luzes da verdadeira "dimensão" da questão e do arsenal de guerra que estes, rapazes sem terra que agora desterram outros (o que é compreensível visto que eles não são os escolhidos para a terra prometida), possuem:

"Ted Galen Carpenter, do Cato Institute, considera que o Irão não representa qualquer perigo, e não somente por "Israel ter entre 150 e 300 ogivas nucleares, enquanto que o Irão, mesmo que prossiga o seu programa nuclear, não conseguirá construir mais de uma dúzia na próxima década". Segundo Carpenter, o Irão também não se atreveria a entregar armas nucleares a grupos terroristas, pois "mesmo o mais fanático mullah de Teerão sabe que os EUA atacariam o provável fornecer dessa arma, e o Irão estaria no topo da lista de suspeitos de Washington"."

Pus este texto com estas letras garrafais para verem a mentira em que se baseia a guerra...
Desculpar o terror do Estado perpetua o terrorismo, os terroristas precisam de terroristas, se nós não alimentarmos nenhum, eles morrem por si só...
Aliás, veja-se que no conflito do médio oriente nunca ninguém ataca ninguém, são sempre respostas, são sempre retaliações.

6 comentários:

""#$ disse...

Jõao não vás por aí.
O irão representa mesmo um perigo bastante grande.

E quando se chegar à altura em que se perguntará aos países;quem quer impedir o irão;serão na sua maioria os paises arábes que o dirão claramente.

Isto é um caso completamente diferente do iraque.

João Dias disse...

Existem opiniões divergentes, e este depoimento parece fazer crer que a ameaça é bastante menor do que parece.
Aliás não digo que o Irão não seja uma ameaça, simplesmente, neste momento, digo que ela é bem menor do que se diz.

Ainda digo mais, eu estou cada vez mais convicto que estes líderes fazem o jogo que mais convém às motivações expansionistas, Mahmud Ahmadinejad parece surgir no tempo e altura certa. Todo este timing levanta-me altas suspeitas.
Já percebemos que aos fanáticos do Ocidente e aos do Islão interessa a guerra, só falta a mobilização da opinião pública.
De um lado temos o sentimento de injustiça no Islão do outro temos o lado do medo no Ocidente. No Islão o sentimento de injustiça exacerbado às custas de um cartoon e transportando depois para a questão nuclear, ou seja o Ocidente pode estar armado até aos dentes e o Islão não pode sequer pensar em energia nuclear que vem logo o fim do mundo.
No Ocidente faz-se a generalização da visão terrorista do Islão para lançar o pânico quando um país decide fazer pesquisa nuclear, mesmo que pretenda usá-la para fabricar ogivas não representa a ameaça que se diz.

Mais uma curiosidade, ninguém acha estranho que Saddam não tenha colaborado nas investigações não tendo nada para esconder? Não parece que ele estava a a fazer o jogo de alguém?
E Mahmud Ahmadinejad parece que vai pelo mesmo caminho...

Eu também acho que este caso é diferente do Iraque, mas percebo que no fundo o objectivo é o mesmo.

""#$ disse...

jõao olha que não.
O objectivo é algo diferente.

E o problema do irão é que, nem sequer os parceiros de religião do irão o querem ver armado com bombas nucleares..
Isto está algo diferenciado em relação a serem só os fundamentalistas de um lado e os de outro a quererem guerra.
Naõ é só isso ,infelizmente. Caso fosse até seria melhor uma vez que os identificariamos logo...

Anónimo disse...

Uma questão muito interessante como são aliás todas as aqui abordadas pelo amigo João. De facto e seguindo a linha propugnada pelo caríssimo pedro silva, o Irão é diferente do Iraque. Não estamos aqui nem de perto nem de longe na mesma situação que o Iraque. O Irão do lunático Mahmud Ahmadinejad é uma ameaça objectiva. Contudo (e aqui acompanho o amigo João) resta saber se as possíveis consequências de uma afronta ao Irão justificam que encetemos a marcha para Teerão. Parece-me, manifestamente, que não. Cada vez mais passa para a opinião pública islâmica - e este é o verdadeiro perigo - a ideia generalizada que isto é um asunto "Nós" versus "todos eles". Ora tal entendimento tem como efeito imediato e nefasto fazer com que os moderados se juntem aos radicais na "defesa de Maomé". E tal já acontece: recordo que os Moderados do Islão pouco ou nada se pronunciaram no recente duelo dos cartoons, deixando passar a ideia que acompanhavam os gritos extremistas dos imãs radicais das mesquitas de Jakarta a Cabul, de Islamabad a Damasco. Atacar o Irão poderá ser mais uma indesejável gota num copo prestes a transbordar. Sejamos intrasigentes na defesa dos nossos direitos, liberdades e garantias. Mas façamo-lo de luvas e com toques de veludo. E acima de tudo, respeitemos quem está do outro lado. Para que este Mundo não se torne numa gigantesca Jerusalém

""#$ disse...

caros amigos:
o irão justifica que para lá marchemos. Tanto quanto o iraque não o justificava.

João Dias disse...

Roteia:
Acho que no frente a frente de ontem (ou anteontem?) alguém que não me lembro quem disse tudo...
Baseando-se também na experiência da Coreia do Norte o Irão terá percebido que se tiver armamento nuclear não será atacado pelos E.U.A.. De certa forma as tendências expansionistas do E.U.A. são em grande medida culpadas pela necessidade que certos regimes sentem de adquirir armamento.

É claro eles é que são os "evildoers" por isso não há muita argumentação possível...