Como se a polémica dos cartoons já não estivesse a ferver, agora temos a extrema-direita dinamarquesa a manifestar-se "para defender a liberdade de expressão e para mostrar o descontentamento relativamente à inércia dos políticos face à agressão dos muçulmanos à nossa liberdade de expressão" segundo disse Julius Boergesen, porta-voz da Frente Dinamarquesa. Sim, claro! e estão à espera que eu acredite! Em primeiro lugar, a liberdade de expressão já está a ser defendida (o PM dinamarquês já se recusou a pedir desculpas e o seu MNE anunciou à televisão ter recebido um pedido de desculpas das autoridades sírias pelos recentes eventos em Damasco). Ora se isto é inércia...
Em segundo lugar, o que é que esta meia dúzia de mafarricos (e digo isto porque esta manif juntou menos de cem pessoas) queria? Às tantas, formar uma milícia, tomar o poder e correr com os muçulmanos do país? Tenham dó!
Mas o mais interessante vem a seguir!!! Do outro lado da "barricada" houve uma manifestação de extrema-esquerda que procurou servir de resposta à da Frente Dinamarquesa e à qual se juntaram (vá-se lá saber porquê) os MUÇULMANOS DINAMARQUESES. E por esta alguém esperava??? Em Damasco queimam-se bandeiras e embaixadas...enquanto isso os muçulmanos em território dinamarquês saem-se com uma destas...
Haverá melhor exemplo de tolerância e harmonia? Podem-me chamar lírico mas a verdade é que a história já nos deu muitos exemplos como este. Digo isto porque terminei de ler há pouco tempo "O Cavaleiro da Águia" de Fernando Campos e embora este romance tenha como figura central Gonçalo Mendes da Maia, o autor vai revelando ao longo de toda a obra vários casos em que se vê como sociedades tão "diferentes" estavam, afinal, tão entrelaçadas. Para melhor ilustrar o que quero dizer aqui fica uma citação das notas finais do autor: "Na sociedade peninsular dos séculos XI e XII, a par dos horrores da guerra entre Cristãos e Árabes, entre cristãos e cristãos e entre árabes e árabes, há exemplos de compreensão e humanidade, de harmonia, alianças, casamentos com geração. Gonçalo Mendes da Maia tem sangue mouro nas veias, descendente que era de um rei cristão e de uma escrava moura, tal como o Comendador dos Crenres, seu opositor, Alî ben Tashfîn, filho de um sariano e de uma escrava cristã de rara beleza."
Para terminar vou colocar no meu audio clip a música "Don't give hate a chance" da minha banda preferida (Jamiroquai) para ver se acabamos DE VEZ com que estas "tensões"!
domingo, fevereiro 05, 2006
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