sábado, maio 31, 2008

Crise? Qual crise?

Se alguém tinha dúvidas de que a crise não existe (é apenas um "pequeno crescimento" como gosta de apregoar o sr. Pinto de Sousa a.k.a. Sócrates) eis que o facto de, ontem, terem comparecido 90 mil pessoas no Rock in Rio vem provar que ela já está mais do que ultrapassada!
Na verdade, só as receitas de bilheteira ascenderam a 4.770.000 € (perto de um milhão de contos), e atendendo ao facto de cada bilhete custar 53€! (para ver concertos pré-embalados e prontos a mastigar?), o PM tem aqui um pretexto fantástico para anunciar que a crise acabou.
Enfim, 53€ para ver uma brasileira a abanar a peida, uma inglesa embriagada, um português que deu "quatro escudos" a uma gaja qualquer e fez disso uma canção, e um americano com a mania que é o Jimi Hendrix... prioridades (cada um tem as suas)!!!
Espero que, ao menos tenham ido de transportes públicos, mas ouvi dizer que os preços dos comboios também não eram assim tão baratos, o que só prova mais uma vez que a crise acabou!


P.S. - A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, esteve na Cidade do Rock e disse que gostava de ficar para ouvir Rui Veloso. No entanto, o português não integra o cartaz desta edição do festival. (ESTA INFORMAÇÃO ESTÁ NO SITE DO CORREIO DA MANHÃ MAS RUI VELOSO ESTEVE NA CIDADE DO ROCK HOJE, PARA RECEBER UMA HOMENAGEM, NÃO PARA UM CONCERTO).

sexta-feira, maio 23, 2008

O lado ternurento de Meirelles e Saramago

Para além de ser um realizador brilhante, Fernando Meirelles é também um bom cronista.
Vale a pena ler o artigo escrito pelo realizador, em que ele descreve como foi a sensação de ter assistido a "Blindness" (filme adaptado a partir de "Ensaio sobre a cegueira") ao lado de José Saramago, em Lisboa. Leia-se o artigo para ver como o relato de Meirelles é fiel. Ou, então, faça-se o contrário. Seja vendo o vídeo, seja lendo o texto, acompanhamos o desespero de Meirelles naquele momento crucial em que a ficha técnica começa a passar e Saramago fica calado, pensativo...



Por Fernando Meirelles

Depois de uma semana que pareceu uma verdadeira montanha russa emocional, saí de Cannes no sábado e fui para Lisboa mostrar o filme “Ensaio sobre a Cegueira” para o autor da história, José Saramago.

Por meses, antecipei o quanto a sessão me deixaria ansioso _e não estava errado.

Infelizmente, o cine São Jorge, que nos foi reservado, não tinha projeção digital, então foi improvisado um sistema para passarmos nossa fita. Pensei em desistir de mostrar o filme ao ver um teste da projeção, mas o escritor já estava na sala de espera e, em respeito ao compromisso, achei melhor ir em frente.

Sentei-me ao seu lado, expliquei aos poucos amigos presentes que só havia legendas em francês e começamos a ver o filme. Sofri cada vez que uma imagem não aparecia ou que uma música mal soava. Ele assistiu ao filme todo mudo e sem reação nenhuma.

Ao final da sessão, quando os créditos começaram a subir, sua mulher, Pilar, debruçou-se sobre Saramago e me agradeceu, emocionada. Silêncio ao meu lado. Antes de terminar os créditos principais, as luzes do cinema foram acesas, eu ousei olhar para o lado e vi que ele fitava a tela sem reação, como se estivesse interessado no nome dos assistentes de cenografia que passavam.

Deu tudo errado, pensei. Toquei seu braço levemente e lhe falei que ele não precisava comentar nada naquele momento, mas, então, com uma voz embargada, ele me disse, pausadamente: “Fernando, eu me sinto tão feliz hoje, ao terminar de ver este filme, como quando acabei de escrever ‘O Ensaio sobre a Cegueira’”.

Apenas agradeci e ficamos ali quietos. Dois marmanjos segurando as próprias lágrimas em silêncio. Ele passou a mão nos olhos, disfarçando a sua.
Pensei no meu pai. Emoção sólida, dessas que se pode cortar em fatias com uma faca. Num impulso, beijei sua testa. Na conversa e no jantar que se seguiram, ele disse que não considera o filme um espelho de seu trabalho e que nem poderia ser assim, pois cada pessoa tem uma sensibilidade diferente.

Disse ter gostado da experiência de ver algo que conhecia, mas que, ao mesmo tempo, não conhecia. Falou que o filme não era perfeito, mas que nunca havia assistido a um filme perfeito. Comentou algumas imagens que o emocionaram especialmente e disse ter achado o nosso Cão das Lágrimas muito doce; preferia que fosse mais agressivo.

Quando lhe contei sobre as críticas favoráveis e contrárias ao filme em Cannes, incluindo a da Folha, ele imediatamente lembrou e recontou aquela historinha do velho que vem puxando um burro montado por uma criança.

Um passante vê aquilo e acha absurdo a criança estar montada enquanto um velho caminha, então eles invertem a posição. Outro passante cruza com o grupo e reclama da situação: “Como um adulto deixa uma criança a pé enquanto vai confortavelmente montado?”. Então, os dois montam no burro, mas alguém acha aquilo uma crueldade com um animal tão pequeno.

Finalmente, resolvem ambos carregar o burro nas costas, até que outro passante observa como são estúpidos por carregar o animal. E, enfim, o velho decide voltar para a primeira situação e parar de dar importância ao que dizem.

“É isso que faço sempre”, concluiu o escritor.

Acabo de deixar José Saramago e sua mulher no Ministério da Cultura de Portugal, onde está sendo exibida uma retrospectiva de seu trabalho e sua vida.

Houve uma pequena coletiva de imprensa ali, depois de visitarmos juntos a exposição. Meu filminho de menos de duas horas me pareceu muito insignificante ao ser colocado ao lado daquela obra de uma vida inteira.

quinta-feira, maio 22, 2008

Mais do mesmo

Na terça-feira passada, dia 20, segundo notícia publicada no site do Sol, o ministro Vieira da Silva, ao referir o concurso para integrar os trabalhadores precários do Programa Novas Oportunidades (em que se incluem técnicos dos CNO, de RVC, e, claro, formadores) saiu-se com a seguinte "pérola": o concurso abrange cerca de 1600 pessoas e destina-se apenas a trabalhadores permanentes, uma vez que «existem prestadores de serviços, como formadores, que querem permanecer com esse vínculo». Uma ova!
Sr. Ministro faça uma rápida sondagem entre os formadores a trabalhar nos CNO's do nosso país e veja a dimensão da asneira que disse. Mas alguém no seu perfeito juízo se lembra de uma destas? Ai os formadores querem manter o vínculo de trabalhadores precários? Não sabia!!! Imbecil!!!

Como se não bastasse, e estando toda a gente farta de saber que, em Portugal, há excesso de professores, na Visão de hoje, sai este artigo de Teresa Campos, que denuncia a falta de professores de Língua Portuguesa (uma fatia jeitosa dos professores desempregados) em países como a Alemanha e Inglaterra, para leccionarem português aos filhos de emigrantes. Pior mesmo só o facto de numa União Europeia do século XXI, dois governos como o português e o alemão não se entenderem relativamente a esta matéria.

Realmente, de um "Pedreira" só saem "calhaus"!

(clicar na imagem para aumentar)

quarta-feira, maio 21, 2008

segunda-feira, maio 19, 2008

"Baichar och padrõejinhos"

Os padrõezinhos lá para baixo é o que pretende este Governo. Cada vez mais baixos até chegar a um nível rasteirinho!
Depois de, no sábado, o jornal Expresso ter "descoberto" que o programa Novas Oportunidades (promovido e implementado pelo Governo) incorpora trabalhadores com situações precárias (Ah! de admiração), agora foi a vez do Jornal de Negócios destacar o facto de "há dez anos, o salário médio dos trabalhadores, com idades entre os 25 e os 34 anos, representar 96% do salário médio nacional. Desde então a situação salarial destes trabalhadores tem vindo a degradar-se e actualmente o seu salário médio é de 634 euros mensais, 87% do salário médio nacional, cujo valor é 726 euros."
Mas estes são valores médios e, como tal, convém lembrar que há quem ganhe muito menos do que isto. O mais preocupante continua a ser o facto de que todos estes "precários", quer aufiram acima ou abaixo da média apresentada, serem obrigados a:
1) pagar as contribuições da Segurança Social (que podem ir dos 50€ aos 200€ mensais e que, com toda a certeza, lhes possibilitarão uma reforma segura);
2) pagar o prémio anual do Seguro de Acidentes de Trabalho OBRIGATÓRIO para Trabalhadores Independentes (que oscila entre os 70€ e 150€, consoante a cobertura oferecida);
3) nalguns casos pagar o IVA.

Para mais esclarecimentos, visite-se o FERVE para ter uma ideia mais concreta de alguns testemunhos que lá são apresentados.

AMI helps those who help themselves...

...aqueles que não querem ser ajudados, têm que receber essa ajuda por outros meios.
Fernando Nobre diz que Birmânia recusou ajuda da AMI que pretendia auxiliar as vítimas do ciclone que há duas semanas abalou o país.
Uma vez que a AMI "não pode saltar de pára-quedas com a ajuda às costas", a organização está a ponderar enviar uma ajuda financeira de 10 mil euros, transferindo o dinheiro para o arcebispo de Rangum.

terça-feira, maio 13, 2008

Começa amanhã...


... o grandioso Festival de Cannes, que este ano abre com Blindness, adaptado a partir de "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago, realizado pelo brasileiro Fernando Meirelles, e com um brilhante elenco. Apesar de ainda não ter visto nem este, nem nenhum dos outros filmes, espero que seja este a receber a Palma de Ouro. Ou então o Linha de Passe de Walter Salles.
Bons filmes!

quarta-feira, maio 07, 2008

The amazing adventures of Vieira da Silva



O Ministro do Trabalho e da Segurança Social está prestes a atingir um novo ponto máximo de sofisticação!

Após ter afirmado na TSF desconhecer a realidade dos 'falsos' recibos verdes nos CNO's, Vieira da Silva foi confrontado com esta realidade na interpelação ao Governo, promovida pelo Bloco de Esquerda.

Também o FERVE interpelou o ministro acerca desta questão no programa "Prós e Contras", ao que Vieira da Silva respondeu afirmando que o Governo cumpriria com as suas obrigações, tal como já o havia feito no passado.

Ora, o que o Governo está a fazer é a afastar liminarmente todos os técnicos a recibos verdes nos Centros Novas Oportunidades (CNO's) de gestão directa do IEFP, ou seja, tratam-se de CNO's de gestão directa do próprio ministério do Trabalho.

Para celebrar esta situação, Vieira da Silva irá estar na próxima sexta-feira no CACE Cultural do Porto, para proceder à entrega de diplomas obtidos ao abrigo do programa Novas Oportunidades. Apelamos a que não deixem esta incongruência passar impune!

Esta situação é apenas um dos exemplos que começam a ocorrer na administração pública, onde existem mais de 100 mil pessoas a trabalhar a recibos verdes!

Via FERVE

terça-feira, maio 06, 2008

Maio 68 - Maio 08 (III)

Para ver 280 cartazes de Maio/Junho de 68 ir AQUI.

segunda-feira, maio 05, 2008

Vieira da Silva não fez as contas

"O ministro do Trabalho garante que a reforma será "neutral" do ponto de vista financeiro. O que se perde pela redução de um ponto percentual da taxa contributiva relativa a três milhões de trabalhadores é compensada pela receita adicional obtida com o aumento em três pontos da taxa correspondente aos 685 mil contratados a termo (a maioria dos quais, a prazo)."

3.000.000 x0.01= 30.000
685.000 x 0.03 = 20.550

Para os cofres do Estado:
20.550 - 30.000 = - 9.450

Estas contas agravam-se no sentido em que os 685 mil trabalhadores a prazo auferirão salários menores do que os 3 milhões de trabalhadores com contrato sem termo, assim, e mais uma vez, confirma-se que a reforma não é "neutral" do ponto de vista financeiro, porque efectivamente a participação do patronato nas contas do Estado diminui .

The Nuno Lopes Show

Depois da estreia d'Os Contemporâneos, ontem, na RTP1, confirmei uma suspeita que já tinha desde que ouvi falar do programa e do brilhante elenco de actores: este programa corre sérios riscos de se tornar num one man show protagonizado pelo extraordinário Nuno Lopes.

domingo, maio 04, 2008

Maio 68 - Maio 08 (II)

Uma boa peça de TV da autoria de Reinaldo Serrano, da SIC.

quinta-feira, maio 01, 2008

Maio 68 - Maio 08

Este blog comemora os 40 anos do Maio de 68. Vejam-se as semelhanças e diferenças com o(s) dia(s) de hoje.