sexta-feira, fevereiro 17, 2006

"Portugal manda desenrascar"







Façam a seguinte experiência: vão ao site da wikipédia e digitem "desenrascanço"... o resultado é este :o) Sim, existe uma definição de "desenrascanço" (bela palavra portuguesa, com certeza), em inglês (caso para dizer que "é para inglês ver" hehe), que remete para esse traço tão tipicamente português que é o desenrascanço ou a capacidade prática do improviso à última da hora (obrigado Miguel pela indicação desta "pérola"). Senão vejam:

It is used to express an ability to solve a problem without the adequate tools or proper technique to do so, and by use of sometimes imaginative resourcefulness when facing new situations. Achieved when resulting in a hypothetical good-enough solution.

Gosto particularmente da "hypothetical good-enough solution". Isto seria para rir, se não houvesse quem, em Portugal, tivesse orgulho de ser assim e dissesse, à maneira bem portuguesa, que "é a vida, o que é que se há-de fazer". Ou como diria o Rui Unas "eu sou assim, eu sou assim, são coisas minhas..." E reparem bem na "melhor" maneira de desenrascar o arranjo de um ar-condicionado sem recurso a meios técnicos adequados (nem uma simples escada ou escadote)... "Para quê? Para quê contratar um profissional especializado se eu até tenho conhecimento de electrodomésticos - tenho conhecimento que eles existem, sei ligá-los e desligá-los... logo, sei arranjá-los... não deverá ser assim tão complicado..."

Assim sendo, considero que o facto de se afirmar o "desenrascanço" como tipicamente português sem se preocupar com o que isso significa não deveria acontecer (não é grave, mas não é desejável). Isto porque "desenrascanço" não me parece ser sinónimo de "algo bem feito", mas precisamente o contrário... não diz isto muito acerca do modo como se conduzem as coisas neste país "à beira-mar plantado"?

Pois então, fica à vossa consideração... Quanto a mim, considero que muitas vezes sou "vítima" desta característica supostamente "tipicamente portuguesa"... mas também o são muitos não-portugueses... O que é facto é que devemos deixar estas representações da identidade nacional no passado e abraçar uma nova etapa e um novo desafio nesta era da Globalização: a de abandono do estigma da semi-periferia (ou periferia completa em alguns casos) e afirmarmo-nos como pertententes a esta nova realidade multicultural de corpo e alma. Mas com filosofias do "desenrascanço" não vamos lá, não...

4 comentários:

João Dias disse...

Na wikipédia diz que a espressão raramente é usada em Português, é caso para dizer: quem foi o grunho que escreveu isto na wikipédia?

Se compararmos o uso da palavra à frequência da sua prática, aí sim a palavra perde o seu dom.

Palavras para quê, vamo-nos mas é desenrascando...

Anónimo disse...

A foto, essa sim, é que não podia ilustrar melhor...Um pagode! :)

Zeca disse...

Rapaziada, somos um GRANDE Povo.

Temos Sabedoria
Temos Riqueza (onde está ela?)
Somos Livres
Fazemos o que nos dá na real da gana
Somos Libertinos
Sabemos dizer palavrões como ninguém
Somos os únicos no mundo onde não nos damos bem connosco próprios
Dizmos mal de tudo e mais alguma coisa


Porque não seriamos nós os campeões do desenrascanço?

Adoro o meu País e o meu povo, digam o que disserem.

Agora não te esqueças de passar pelo Plagiadíssimo onde está este post.
Fica bem

Anónimo disse...

Cool guestbook, interesting information... Keep it UP
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