sexta-feira, março 03, 2006

Venha a nós a censura


Censura apetecível que humidificas os castos lábios do pastor, enquanto o rebanho alheio à sua própria vontade reconhece a virtude da oratória sem questionar o sábio orador, que poder imenso tendes para fazer salivar de ânsia os mais pios e sensatos homens à face da terra. Sinto o teu cheiro, senti-o quando ainda a turba de Maomé rebentava no cartoon e explodia o rebanho na sua fúria despersonalizada, é cheiro que entranha forte e magnetiza a ignorância. Água não chega, água benta é combustível, tento sobrepor um qualquer odor em vão. A salivação continua, a saliva é tanta que o pastor decide orar, tal é o excedente do fluído.

O Max pôs umas vis aspas na insofismável realidade de Deus, a fogueira te espera meu amigo, a tua dificuldade em acreditar em Deus não toca nessa realidade insofismável, assim disse o pastor, assim será a verdade eterna.

Pois é o corporativismo não é apenas um mal que assola ordens profissionais é também aquilo que na altura mais quente dos cartoons blasfemos fez enaltecer o ecumenismo dos mais sectários. Estava ali uma possibilidade de embalar numa onda, a censura parecia fazer todo o sentido e a censura tem de ser coerente, assim sendo não deixaria os nossos beneméritos cristãos sem a sua fatia do bolo. O cristianismo não é uma religião superior, tem as características intrínsecas para cair no erro das religiões (o Budismo merece uma certa distinção), ou seja querer, de forma não argumentada, que a sua percepção da vida seja uma indubitável realidade sobre a qual a humanidade se rege. Tratam-se de correntes que fogem ao ideal de raiz, queria-se toda uma parafernália de costumes e ícones de pureza imaterial feitos de madeira e metal, mas o ideal do Deus desgraçado já anda nas ruas da amargura. É o fetichismo exponenciado e liberalizado, do pensamento dos profetas mortos sobra o sectarismo dos que acreditam contra os que não acreditam.
Apesar de tudo, suspeito da justeza da vida e acho que o verdadeiro ecumenismo se dará na hora da morte quando Cristãos, Judeus, Budistas, Islâmicos, Ateístas, Agnósticos, Protestantes e outros tantos se juntarem no almoço final, servem-se os nossos gélidos corpos aos decompositores e assim se cumpre o ciclo da vida (ou ciclo da morte eheheh).

P.S. Pouco que me importa que este seja Cardeal-patriarca de Lisboa, afinal o que eles todos querem mesmo é rebanho. Se querem rebanho são pastores...

1 comentário:

Anónimo disse...

Magnífico, amigo João. Ao teu melhor nível, rapaz...