A Sra. Ministra passou-se, perdeu a cabeça... O que ela pensa acerca dos professores [à excepção dos universitários - vá-se lá saber porquê ;) ] já todos sabemos, mas que o diga explicitamente denota que não deve muito à deusa Minerva!
O que será que a Sra. Ministra pretende com este ataque aos professores?! Que a situação melhore? E nem vale a pena negar algo que já se tornou claro para todos! Até para os que concordam com as suas medidas, discordam da forma como ela as "executa à bruta"!
Acho que tem que ir estudar pedagogia para casa... pois falta-lhe qualquer tacto para tratar assuntos que envolvam... enfim... pessoas!
Como se a profissão docente já não fosse suficientemente desgastante, cansativa e trabalhosa (contrariamente ao que o vulgo julga) ainda existem uns biltres que acentuam as dificuldades.
Já nem vou falar da conjuntura irónica da realidade docente - uns querendo sair não podem, outros querendo entrar não os deixam. Enfim, uma soma de desvantagens que julgo que ainda agravadas por medidas tomadas pelo anterior governo e por este reiteradas, não são em tudo culpa de ondulações governamentais. Reconheço que o problema é muito mais profundo e complicado.
No entanto, parece-me que a preocupação primordial deste governo é poupar nas reformas (a ver se alguns até morrem antes) e na progressão das carreiras. Há pessoas que nunca aprendem que nem tudo se resume a dinheiro!
Não sei se os estragos (sobretudo na forma de tratamento dos seus profissionais) que estão a ser feitos na área do ensino por este Governo vão ser compensados por "eventuais" poupanças futuras. Em qualquer medida há sempre efeitos secundários inesperados.
Eu não sou lírica. Tenho a perfeita noção que esta "intifada" (como muitos já ironizam) contra os professores de nada mais se trata do que uma justificação para as penalizações económicas que estes têm que sofrer. Considero que o enxovalho já adquiriu proporções desmedidas e irreversíveis!
Seria mais honesto dizer aos professores que, tal como outros funcionários públicos, teriam que "fazer sacrifícios"! Já nem discuto a justiça ou injustiça de serem sempre os mesmos a fazerem sacrifícios! Acho que tudo era preferível à humilhação pública que os professores estão a sofrer! E, acreditem, as repercussões não vão ser bonitas!
"Os professores são culpados pelo insucesso escolar dos alunos."
É uma pena que uma Doutora em Sociologia profira sentenças que se reportam a uma análise assente num raciocínio de senso comum do mais vulgar e irreflectido que há no mercado.
E com base em que estudo é que a Sra. Ministra diz que as escolas fazem turmas privilegiadas só com filhos de funcionários da escola?
Que há elaboração de turmas com base em critérios pouco igualitários, já sabemos, mas focar os filhos de professores e funcionários parece-me já perseguição não só à classe como aos familiares da classe.
Serão os filhos de professores e dos funcionários da escola uma população tão considerável ao ponto de condicionar o modelo de funcionamento da escola portuguesa? Estarão os professores enquanto progenitores a contrariar tão decisivamente as tendências demográficas actuais? Terá a Sra. Ministra, enquanto docente, dado também o seu contributo, produzindo os rebentos que fazem estourar a escola?
A Sra. Ministra ainda foi mais além na seguinte comparação: para os médicos "o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital", ao passo que "nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis".
Vê-se mesmo que a senhora anda completamente alheada da realidade escolar portuguesa!
Onde a senhora se foi meter! A Sra. Ministra não deve estar a falar dos mesmos médicos que não têm "tempo" nem "meios" para atender um paciente num estabelecimento público, mas no privado já têm, pois não?!
Gostaria de fazer a ressalva que existem muitos médicos que honram a sua profissão (aliás, bem nobre), sendo não só cientificamente muito bons, mas também do ponto de vista humano. Mas quantos de nós não conhecemos e já fomos atendidos pelos "outros". E estes não são poucos.
Mas quanto aos médicos as generalizações por parte da ministra já são feitas pelo lado positivo....
As "generalizações" (sobretudo as deste género) são sempre perigosas e infrutíferas na produção de bons resultados. Se não, vejamos: é com insultos e humilhações que os proprietários de uma empresa privada (já que estes são os tão adorados arquétipos do neo-liberalismo) vão conseguir uma maior produtividade por parte dos seus operários?!
Sinceramente, acho que não! A Sra. Ministra que inquira o Sr. Belmiro (não há-de faltar muito já o elegem ministro da educação), que estava também presente na reunião, se é este o método que ele adopta para os seus trabalhadores?
E, já agora, será que o Sr. Belmiro me empregará numa caixa de um seu qualquer hipermercado?!
O grave destes ataques aos professores é que está a entristecer os professores mais competentes e dedicados, que se sentem injustiçados pelas afirmações proferidas. Sim, porque os maus profissionais arranjam sempre maneira de se safarem e também não se sentem ofendidos...
Atentemos ainda na iluminada descoberta da Doutora Maria de Lurdes Rodrigues quanto ao novo método de avaliação dos professores. Coitada da senhora!
Já uma vez nos informou a todos que a região autónoma dos Açores não fazia parte da República Portuguesa! Que existia Estudo Acompanhado no ensino secundário. Que os "professores do secundário estavam encostados à lareira!" (Verdadeiras pérolas!)
Parece-me que não só denota ignorância pelo desconhecimento dos currículos escolares, como uma certa leviandade no tratamento dos seus profissionais.
Não se lembrou também de uma "pequena" falha na utilização do critério do abandono escolar dos alunos para a avaliação dos professores!
Vejamos: o que se fará aos professores com menos tempo de serviço, que ficarão (com grandes probabilidades) colocados em zonas menos concorridas e menos povoadas e em que o abandono escolar (independente, muitas vezes, do esforço e vontade de docentes e alunos) é maior por necessidades económicas? Estudar no nosso país ainda não é ao preço da chuva! (E não me venham com rendimentos per capita e investimentos na educação comparativos com países nórdicos, porque são uma treta e viciados!).
Parece-me que a ministra julga os professores seres supremos capazes de fazer através da escola o que a sociedade toda junta e os seus ministros não conseguem: aniquilar as diferenças sociais, económicas e culturais. Minimizá-las é um esforço que nos cabe a todos. Aniquilá-las é uma utopia.
E mesmo que acreditemos em utopias (que não é mau - as utopias de hoje podem ser a realidade de amanhã), não percebo como é que os professores foram promovidos a Messias!
Já muito faz a escola. Mas a escola está inserida num todo social que não lhe é alheio e passivo.
Já o Sr. Reitor da Universidade de Lisboa diz que se exige demasiado à escola.
De facto, julgo que não cabe à escola a salvação da humanidade. Até porque não o conseguiria, nem que quisesse...
Bem prega "Santo" António (Nóvoa) aos peixes... mas "a terra não se deixa salgar!"
P.S. - Ufa... desabafei!
Está bom assim, João?!
O problema dos assuntos que nos são próximos é este: não nos calamos! ;P
quarta-feira, maio 31, 2006
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6 comentários:
Assim sim, mereces um biscoito.
Em suma toda esta animosidade e generalização da incompetência é um pré-aviso, trata-se de denegrir socialmente a classe para depois haver mais complacência na altura de descapitalizar, condicionar, desinvestir...
E sendo hoje o dia da criança, ficamos a pensar ainda mais no papel do professor. Mas também no papel do Estado e no seu dever em contribuir para a respeitabilidade e para a valorização, em todos os aspectos, desta profissão.
Visto que o Raimundo_lulio é professor, eu pergunto-lhe em jeito de resposta se por exemplo as aulas de substituição não são uma penalização para os professores disciplinados e uma benção de indiferença para os não disciplinados?
Como é que se exige tanto aos professores com menos recursos e tão pouco aos que têm muitos, sendo que da minha experiência pessoal como aluno não tenho dúvidas que na generalidade os professores do universitário são aqueles que, podendo ou não ter mais conhecimentos, menos aptidão têm para transmitir conhecimentos?
Como é que se fala em querer melhor ensino e acessível e ao mesmo tempo se desinveste no mesmo?
Como é que se tem um ensino acessível com as propinas praticadas no superior e com muitos subsídios a serem muito mal entregues?
Porque é que alguém tão bem intencionado tem denegrido tanto a classe docente, rebaixando-a perante outras?
Se o ensino é tão mau, como posso aceitar ter um governo que seja produto desse mesmo ensino?
Por exemplo se calhar esta socióloga devia voltar à escolinha?????
Declarações sádicas e dementes, as da ministra...
Apanhaste o vício do teu mano :D
onde é q ele dá porradinha? ;)
há porradinha boa :P
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