terça-feira, setembro 25, 2007

Jornais ideológicos

Uma das formas mais fáceis de percepcionar o cariz ideológico dos jornais (veja-se a limpeza ideológica para perceber), mas sobretudo não assumido e sempre virado para os partidos de direita, é que perdem até racionalidade. Muitas vezes transfigurando factos objectivos a seu favor. Ora o Bloco, e em particular Louçã, costuma sempre ser oportuno e apontar o dedo a problemas concretos e reais, logo assim que possa aparecer uma oportunidade para noticiar o contrário...os cães atiçam-se na busca do osso. A questão é que a vontade é tanta que até transformaram nada num enorme banquete. O assunto prende-se com supostos sucessivos desmentidos por parte do governo a acusações de Louçã, como Louçã não costuma ser leviano nas acusações fui saber mais. E claro, são os típicos desmentidos, que são a confirmação da acusação mas focando pequenos pormenores e fingindo que isso faz toda a diferença.
Ora o jornal foca precisamente a questão do alargamento da Secil, e para esclarecimento estão aqui as duas versões dos acontecimentos:

Do jornal ideológico de direita

"Face às acusações do líder bloquista, o Ministério do Ambiente emitiu um "esclarecimento" sobre as suas "falsas declarações". Francisco Louçã, disse o ministério, pronunciou uma "fantasia". "A concessão da Secil da Arrábida não é feita numa base temporal mas de volume de extracção", lê-se ainda no comunicado.

Além do mais, "não está em causa o aumento de área licenciada mas sim a exploração em profundidade, ou seja, uma situação na qual não há lugar a qualquer alargamento da área de exploração actual". - J.P.H."


E do partido com representação parlamentar

"No comunicado, o Bloco destaca que "o Governo confirma as acusações do Bloco sobre o aumento da quota de exploração", observando que, "desmentindo o que considera uma fantasia, o Governo confirma as acusações do Bloco sobre o aumento da quota de extracção que o governo se prepara para autorizar, apesar do voto em sinal contrário da direcção do Parque Natural da Arrábida". O Bloco usa ainda de ironia para dizer que o governo "quer fazer crer que, permitindo o aumento de 60 metros na exploração em profundidade, está a limitar o desenvolvimento das pedreiras na Arrábida".

No desmentido do Governo afirma-se ainda que, "ao contrário do que disse o deputado Francisco Louçã, a ex-directora do Parque Natural da Arrábida não foi demitida", mas deixou de exercer funções, pois "com a entrada em vigor da nova Lei Orgânica do ICNB terminou a sua comissão de serviço, o que aliás aconteceu em outras situações

O Instituto de Conservação da Natureza (ICN) instaurou um processo disciplinar à ex-directora do Parque Natural da Arrábida, Madalena Sampaio, que poderá levar à anulação das deliberações tomadas numa reunião da comissão directiva do Parque que deu parecer contrário à intenção da Secil de expandir em mais 60 metros de profundidade as pedreiras de calcário e de marga da fábrica do Outão.". "


Um jornal até pode ser ideológico, agora não assumir essa posição e ainda por cima não sendo fiel aos factos...isso já entra em problemas ligados à deontologia jornalística e obviamente isto é inadmissível.

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