sábado, setembro 09, 2006

Subscrevo inteiramente!

Visto que a preguiça continua a proliferar nas cabeças dos membros deste blog (ou pelo menos na minha) achei por bem dar um pontapé no marasmo! Tudo isto faria muito sentido se eu publicasse um texto meu MAS, em vez disso, (que já está muito visto) resolvi "plagiar" um dos textos da edição online do DN!
Boa leitura e aproveitem o resto do fim-de-semana!

São as notícias, estúpido!
João Miguel Tavares

A melhor forma que o Expresso arranjou, no último sábado, para mostrar pela primeira vez a sua nova cara foi pespegar com uma foto gigantesca de Francisco Pinto Balsemão na primeira página a ler a versão reformulada do semanário. A intenção deve ter sido óptima, e a hermenêutica profunda - ali, espalmada, a ligação entre o velho e o novo, o passado e o presente, com Balsemão a avalizar a transição com um sorriso de sete dentes brancos. Infelizmente, um patrão é um patrão, e só em Portugal é que existe esta mania de os enfiar nas primeiras páginas. Se não se acarinhasse mais a vaidade do que o dinheiro, perceber-se-ia que tais veniazinhas provincianas prejudicam o negócio: os jornais só sobrevivem com uma imagem de independência dos poderes, incluindo o do principal accionista. Pode não ser assim na realidade, mas, como se costuma aprender nas boas famílias, convém manter as aparências. Ora, para quem se queria mostrar rejuvenescido e imaginativo, aquela foto é um tiro no pé. Vem assinada por Ana Baião, mas o fotógrafo poderia ter sido José António Saraiva.

A chegada do Sol, o fim de O Independente e a revolução do Expresso representam o maior abanão na imprensa portuguesa dos últimos 15 anos, mas temo bem que o rumo continue por traçar. O Expresso e a sua reformulação gráfica são um bom exemplo de como se valoriza o acessório para não ter de encarar o essencial. O líder do mercado garante que esta é a maior mudança da sua história, mas o que promete ele? "Letra maior", "mais espaço entre linhas", "focos de informação directa e clara", "maiores fotografias", tudo isto em prol de um jornal "mais cómodo", "útil" e "alegre", três adjectivos que têm feito mais mal à imprensa do que a kriptonite ao Super-Homem. As reformulações gráficas transformaram-se na grande panaceia do jornalismo português. Mas, de um modo geral, elas só mascaram a falta de ideias editoriais. De nada servem cabeçalhos novos com velhos hábitos. O que faz falta em Portugal não são jornais mais bonitos. O que faz falta - muita falta - são jornais melhores.

1 comentário:

Macambúzia Jubilosa disse...

Mas a verdade é que o peeling jornalístico dá resultado.

Este fim de semana foi a segunda vez que não consegui comprar o "Espesso" por este ter esgotado.

A primeira vez, foi quando juntamente com o jornal, ofereciam a bandeira de Portugal...

E sim, fazem falta jornais melhores, principalmente jornais verdadeiramente independentes.