domingo, julho 16, 2006

Segurança social e lucro - palavras a reter

O Golfinho decidiu "picar-me" porque sabia perfeitamente que eu discordo do sistema misto para segurança social que vai na realidade descapitalizar o sistema público já existente. Imagina, Golfinho, que o próprio neoliberal Sócrates já desmontou essa esparrela. Marques Mendes questionado sobre como se lidaria com a situação do défice da segurança pública que se agravaria com essa situação, terá respondido: vai para dívida pública.
Ninguém acha suspeito que se use um pretexto de rigor orçamental para recorrer a um sistema privado e depois a solução para o défice seja o rigorosíssimo desvio do défice para a dívida pública?
Alguém conhece um sistema privado que queira aderir a um negócio sem ter perspectivas de lucro? Como é que vamos ter mais e melhores reformas num sistema que visa lucrar dessa actividade? Mais, alguém fez uma demonstração cabal de como modelo privado iria garantir melhores reformas? Um redondo não.
A proposta é basicamente a de impelir o trabalhador a ter uma parcela da sua reforma à responsabilidade do Estado e que (literalmente) jogue a outra no privado a ver se sai jackpot. Basicamente este projecto visa dar ao trabalhador o gostinho do que é ter a sua reforma no mercado da especulação, o reformado é agora um jogador, um capitalista que corre os riscos que nenhum capitalista corre..."boa sorte, mas olhe que a casa ganha sempre."

Sinceramente acho incrível como se "bebem" estas propostas, sempre que oiço opiniões no sentido de apoiar este sistema misto, não vejo uma demonstração factual das vantagens, logo não será por acaso que em vez de um argumento venha uma pseudo-argumentação no sentido de que se trata de um arcaísmo ideológico de esquerda querer manter a S.S. pública. Aquele paleio que desvalorizava a ideologia desapareceu agora, para que os ressabiados de direita nem sequer se questionem das verdadeiras vantagens do sistema privado, basta acenar-lhes com uma guerrinha ideológica que eles comem logo. Estas palavras de Marques Mendes materializam o que eu quero dizer:

“manter por teimosia ideológica o actual modelo de segurança social, assente exclusivamente na repartição, conduzirá a prazo à falência desse sistema de protecção social”

Relembro que o homem que fala na "falência desse sistema de protecção social” atira o défice para a dívida pública.
Vamos lá ter uma aulinha de térmica, pensemos nesta questão como um balanço de energia, ora como é que vamos ter um balanço não nulo num serviço como a segurança social onde apenas se retém os descontos? Ou seja como é que o fundo de capitalização na conta individual será transformado de forma a crescer? Então quer dizer que os privados vão entrar com dinheiro, ora isso será provavelmente uma percentagem que receberemos pela retenção temporal do nosso fundo de capitalização, mas se os privados se propõe a pagarem-nos uma taxa durante o período em que iremos ter lá os nossos descontos o que é que eles ganham com isso? Como é que é possível um reformado ganhar em simultâneo com a empresa, a não ser que haja um terceiro agente (vítima) não é de todo possível. Provavelmente pode acontecer algum sistema especulativo, em que uns reformados ganham qualquer coisa em função do que outros perdem, portanto para as diferentes empresas aliciarem o otário a optar por elas provavelmente vai ser assim. Portanto, a cumprir-se esta estupidez, teríamos no futuro anúncios televisivos com homens de meia idade a dizer aos "cotas" que se quer ver as suas contas crescer devia optar por aquela empresa porque tinham o melhor "spread". E perguntará o caro leitor leigo, será o spread a taxa indexada aos juros de habitação (por exemplo), claro que não, será um sistema do tipo "spread your legs wide, because you're about to be...", estão a ver o filme...

Bem mas voltando à tua argumentação, Golfinho...
Também não será por acaso que optaste por falar das maleitas do Estado, talvez porque em concreto não tenhas uma vantagem palpável para apresentar, também não é admirar visto que estas propostas de caca são sempre apresentadas com o rigor habitual. Aliás tu próprio rejeitas a conotação ideológica desta medida, mas deves reparar que o argumento bacoco do shorty é baseado nessa mesma conotação ideológica. Aliás é engraçado como questionas, e bem, o papel do Estado, não deves é confundir a gestão errónea dos sucessivos governos com o papel negativo do Estado. Todos os países têm Estado, mas quem os gere é que os torna mais justos ou menos justos, ao preconizares o privado como solução estás a entregar o ouro ao bandido, visto que os que gerem o Estado estão lá para o minar e estarão no privado para recolher os lucros de ter destruído o Estado.
Tu achas que há Estado há mais, eu acho que há Estado a menos onde é preciso.
Aliás já sabemos como é, se depois os privados derem raia e o pessoal ficar de mãos a abanar quem é que vai ter de garantir as reformas? Pois claro, é o Estado. Repara que o modelo neoliberal não quer a destruição total do Estado, apenas quer um modelo de Estado mínimo em que o lucro vai para os privados e o Estado assume, através dos contribuintes do costume, as despesas.
Bem, por agora fico por aqui...


O Estado e a privatização, em cima vai a deslumbrante e linda privatização, toda a gente a adora, em baixo vai o burro, mal tratado pelos neoliberais e mesmo assim ainda os leva às costas.

26 comentários:

J. P. disse...

João, nada disso: "Tu achas que há Estado há mais, eu acho que há Estado a menos onde é preciso."

Há demasiado Estado e muito pouco Estado Social de Direito; se se libertar do Estado muitas das suas funções não sociais e as entregar aos privados, o Estado fica com mais dinheiro, por via directa dos impostos e outras contribuições, quer por via indirecta para investir mais nas funções sociais. Aí sou e serei sempre de esquerda. Os liberais puros e duros querem "destruir" o Estado e não é para recaminhar para funções sociais, é para o "dar" aos capitalistas.

Quanto à SS, só mesmo um modelo misto para não acabarmos na ruína. Os nºs falam por si: 98% dos impostos inirectos servempara cobrir as despesas desta, há 10 anos eram cobertos com 60%. O FEFSS vai ser utilizado antes de 2050, ao contrário do que Sócrates apregoa. O sistema faliu.

J. P. disse...

P.S. essa gaja boa é minha? ;) O burro sou eu? :D Por mim pode andar sempre em cima de mim ;) ;)

J. P. disse...

Essa é a grande questão, caríssima Joana: "Quem duvida que isto um dia dá estouro"
Se este modelo vai estourar - acreditas que qd chegares aos 60 vais receber alguma coisa? - há entãp que criar um outro modelo, esse faliu; mais, faliu, e as revisões que estão a ser feitas estão baseadas em números e estimaticas falsificados.
Pessoalmente acredito e admiro o nosso Ministro da SS, mas em Sócrates...

João Dias disse...

Golfinho:
Repara que a própria S.S. é uma função social, é a solidariedade geracional em acção. Repara também que a via dos impostos é irrisória, não só neste contexto mas em muitos outros. Nenhuma empresa se iria meter num negócio para pagar impostos que de facto fossem uma mais valia para o Estado, além disso já conhecemos Portugal em concreto e vemos como a direita aborda a questão da quebra do sigilo bancário como se tratando de um atentado sem precedentes, isto porque o fim do sigilo bancário podia pôr a nu a podridão do nosso sistema fiscal.
Dizes que o Estado fica com dinheiro para as funções sociais, mas isto é uma função social, logo o Estado deve manter-se na gestão deste sistema, essa lógica de abdicar das funções sociais para suportar as funções sociais não faz sentido, isto porque a S.S. é uma função social. O esquema de lucro não é compatível com a componente de solidariedade associada à S.S., logo a visão empresarial não faz sentido na gestão da reforma dos trabalhadores. Basicamente o Estado faz a gestão das reformas numa lógica de mealheiro (supostamente), o dinheiro deve estar lá para depois receberes os descontos. A solução que eu ainda posso preconizar é que as pessoas não façam descontos e sejam eles a gerir os seus rendimentos com vista à reforma, mas agora que já começamos o sistema de S.S. parece muito difícil fazer isso.
Agora pergunta-te, como é que as empresas vão ter lucro e ao mesmo tempo aumentar as reformas dos trabalhadores? Por exemplo através de um banco nunca podes enriquecer de forma directa, eles podem é financiar um projecto à tua conta e risco para que tu depois, eventualmente, tenhas mais valias. Mas agora como é que tu jogas com os teus descontos de forma a aumentá-los? Jogar a reforma no mercado, parece-te bem que uma empresa jogue com as reformas dos outros?

Sabes o que me irrita de facto, é que nestas propostas à direita não se discutem os erros de gestão do Estado, aproveitam-se desses mesmos erros para criar mecanismos ainda mais injustos.
Por exemplo devíamos estar a discutir se de facto a S.S. está como está só por uma questão de aumento de esperança média de vida, ou será que a fraqueza do fisco não desempenha um papel importante. E principalmente analisar as mega-reformas, visto que o grande problema passa pelo facto de essas reformas serem injustas, quer pela via da acumulação quer pelo facto de em termos de descontos não terem a mínima representatividade quando comparadas às somas recebidas por esses reformados especiais.
É vital manter a S.S. à responsabilidade do Estado, isto porque ao Estado podes pedir contas, eleger novos "gestores", participar de forma mais ou menos indirecta na gestão do teu dinheiro, no privado se dá raia não há responsáveis, nem culpa, há empresas com responsabilidade limitada e com lucro ilimitado. E repito, depois vão pedir repostas ao Estado pelas falcatruas das empresas, e assim é claro que o Estado fica insustentável, e privatizar é tornar o Estado ainda mais insustentável.

Anónimo disse...

Bravo, João Dias, pelo entusiasmo e pela precisão da ideia. Mas o que o golfinho diz também faz pensar. O melhor sempre, é que seja a razão a ter razão, tidas em conta todas as variáveis de cada contexto.

Macambúzia Jubilosa disse...

A questão não é que modelos de SS criar, mas como tornar o existente sustentável. Criar estratégias para que os erros sejam aniquilados.

A gestão pública tem que ter sempre subjacente a equidade. A gestão privada, o lucro.

Retirar ao Estado a sua função social é esvazia-lo...

A segurança Social serve e tem de servir para que caso cada um de nós precise (doença, reforma, etc), tenhamos a segurança de ter uma forma de sermos autonomos. E só o Estado o pode permitir.

Entregar ao sector privado é cair na especulação, na concorrencia, na possibilidade de falência, de ruptura, é uma roleta russa de incertezas que não se compadece com vidas humanas e a qualidade destas.

Imagine-se que eu desconto uma vida inteira para o privado e que na altura da minha reforma, essa mesma empresa, vai à falência, coisa perfeitamente passível de acontecer uma vez que falamos de empresas privadas e esse risco está sempre subjacente.

E atente-se ao nome SEGURANÇA SOCIAL, sim, trata-se disso mesmo segurança, certeza, que só o Estado nos pode/tem que dar. O privado não dá certezas absolutamente nenhumas, pois a sua lógica inerente é exactamente a de não dar.

E essa noção de que o privado gere melhor que o Estado é para mim, uma grandessima falácia. Há casos de gestão pública muito bem sucedida e casos de gestão privada desastrosos.

Que tal pensarem antes na imigração como forma de equilibrar os desajustos demográficos? pôr o fim do sigilo bancário? promover uma maior equidade na distribuição da riqueza? Não, nisso ninguem se concentra muito, vamos mas é gastar tempo e energias a pensar em modelos alternativos e obscuros de SS, em vez de resolver a que temos...

Enfim... acho que acabei por repetir muito do que foi dito no post :)

J. P. disse...

João, eu não crevi para deixarem de atribuir capital à função social SS; pelo contrário, ela está tão descapitalizada - FEFSS -, que se deve fazer a outra opção, para esta ter mais dinheiro

João Dias disse...

Golfinho:
Mas o que é que acontece quando metade dos descontos vão para um fundo de reformas privadas?
Isso em si é a descapitalização da S.S. pública, mas é que nem tenhas dúvidas, e não vai lá pela via dos impostos, pelas várias razões que disse e mais algumas que ficam por dizer.

J. P. disse...

Não, há estudos que comprovam o contrário. A S.S. fica mais flexível e eficaz. João, se leres a Lei de Bases da SS hás-de reparar em duas diferenças: Segurança Social e Assistência Social... tu és inteligente ;)

João Dias disse...

Golfinho esses estudos por acaso não são de Neoliberais?
Além disso os estudos são sempre magnifícos porque se depois analisares os pressupostos vais achar coisas incríveis, imagina estudos a contemplar um sistema fiscal xpto...
Eu percebo a diferença mas não estou a ver aonde isso interfere com a insustentabilidade de um sistema misto.
Golfinho peço-te que sejas mais específico, porque flexível e eficaz no contexto da S.S. PODEM ser dois defeitos de extrema gravidade, quando falamos de segurança social até devemos pensar em estabilidade.
Repara o que eu te peço é que me respondas às perguntas vitais que levanto. Como é que as reformas vão crescer no privado? Quem vai financiar esse crescimento?, visto que o dinheiro como todos sabemos não cresce em árvores...
Para pagar impostos as empresas têm de ter uma actividade lucrativa, donde vem o lucro e como conjugas esse lucro com mais valias para os reformados?


P.S. Mais uma coisa que me chateia: os privados (tugas) estão sempre dispostos para estes negócios de gestão pura e dura de dinheiro, coisas que directamente por si não representam mais valia. Agora financiar estudos, investir nas Universidades e em projectos de mais valia? Isso fica para os parvos da Siemens e etc. É este um retrato de um país neoliberal que nem sequer sabe ser um bom neoliberal...

J. P. disse...

João, desafectando atribuições à S. S. no que se refere tão e somente às reformas (seja o modelo misto ou duro e puro), é óbvio que as despesas vão diminuir, em princípio deixa-se de usar o FEFSS, ou pode-se mesmo usá-lo - porque já não necessário- para outras funções da S. S. - daí os estudos.

Meu caro, lembras-te de termos discutido que eu er um neokeynesiano. Aqui está uma maneira de investimirmops - lembra-te da máxima keynesiana: "quanto maior investimento, maior desenvolvimento" - o tal multiplicador.

João, com a diminuição do défice, pode-se investir em quem realmente precisa; eu e tu não precisamos do Estado para nos pagar as reformas, podemos descontar, para além de o mais provável, ser não receber nada.

Colocas aí uma questão, que muitos estudaram desde Weimar, a Constituição que influenciou muito a nossa. Para que se quer uma S.S? Para tudo? Na República de Weimar, ela tinha somente como função ajudar os que realmente necessitavam. O ue fizeram os Estados que a seguiram, inclusive o nosso? Atriubuiram-lhe mil e uma funções. Ficámos desfasados da realidade e isso levou ao colapso da S.S. por toda a parte.
Vamos dar à Segurança Social aquilo que para ela foi criada - ajudar os mais necessitados, acabar com todas as outras funções que esta tem.

João Dias disse...

"no que se refere tão e somente às reformas (seja o modelo misto ou duro e puro), é óbvio que as despesas vão diminuir, em princípio deixa-se de usar o FEFSS, ou pode-se mesmo usá-lo - porque já não necessário- para outras funções da S. S. - daí os estudos."

Golfinho, mas repara que existem pessoas neste momento a viver de reformas, se as pessoas que neste momento descontam para a S.S. pública fizessem metade dos descontos para uma S.S. privada era ainda mais inevitável o uso do FEFSS. E as pessoas já reformadas neste momento e a depender de quem actualmente faz os descontos ficava em muitos maus lençóis.
E quais despesas é que vão diminuir?
As reformas continuarão a ter de ser cumpridas.

"lembra-te da máxima keynesiana: "quanto maior investimento, maior desenvolvimento" - o tal multiplicador"

Eu não sou Keynesiano, sou principalmente democrata e pretendo através da análise da realidade contemporânea achar as soluções que eu acho mais adequadas. Até podem coincidir com Keynesianismo, mas se assim não for não estou preocupado, preocupam-me as pessoas e a sua estabilidade financeira, e este modelo é uma séria ameaça a essa estabilidade.
Além disso isso nem se aplica muito aqui, não há grandes investimentos, há apenas uma cambada de patos bravos prontos para atirar-se ao último reduto de estabilidade dos trabalhadores. Investir, na minha opinião, é outra coisa bem diferente e em campos bem diferentes.

"com a diminuição do défice, pode-se investir em quem realmente precisa; eu e tu não precisamos do Estado para nos pagar as reformas, podemos descontar, para além de o mais provável, ser não receber nada."

Mas qual diminuição do défice? Então se o próprio M. Mendes admitiu o aumento do défice e considerou atirá-lo para a dívida pública...

"Vamos dar à Segurança Social aquilo que para ela foi criada - ajudar os mais necessitados, acabar com todas as outras funções que esta tem."

Escusas de ir por aí, tanto eu como tu já demonstramos preocupações com a natureza social do Estado, a questão não está no princípio está na metodologia. Parece-me claro que ambos queremos um Estado que seja o suporte social e restaurador de pelo menos alguma equidade e justiça social. Papel que muitas empresas não querem desempenhar e a EMRON é talvez o melhor exemplo disso, que entre outras coisas mandou muitas reformas para as ortigas...

J. P. disse...

João :)

Já ouviste falar de direitos adquiridos?
"Golfinho, mas repara que existem pessoas neste momento a viver de reformas," - artº 12 do c. civil e 3 da CRP

Joaõ, o neo-keynesiamo é uma invenção da Democracia. Surgiu na Grande Depressão

J. P. disse...

P.S. o neo-keynesianismo tb é de esquerda :)
Segundo os da direita devemos olhar para a curva de Philips a longo prazo e o Estado nunca deve intervir nas situações recessivas. Pois, esquecem-se que no longo prazo, todos estamos mortos, daí que apesar o objectivo ser o longo prazo, quando há recessões, devem-seaplicar medidas neo-keynesianas.

João Dias disse...

Golfinho, perguntas se eu ouvi de falar do artigo x mas não informas sobre o mesmo, fazias um favorzinho se cada vez que perguntas respondas de seguida...
Obviamente que eu não tenho o conhecimento que tu tens dos artigos, logo agradecia que cada vez que dizes algo "à luz" de um artigo, acompanhaces a justificação com o teor desse mesmo artigo.

Eu sei o que é o Keynesianismo, aquilo que eu quis e quero dizer é não uso "muletas", faço a minha justiça caso a caso. Aquilo que posso dizer é que não fujo muito do campo da esquerda e da democracia, mas faço com o meu bom senso, e o meu bom senso diz que essa máxima do investimento não é adequada à situação, pelas razões que já disse.

"o neo-keynesianismo tb é de esquerda :)"

Parece que o Stalin também era de esquerda...sem querer comparar os casos, ser de esquerda por si só, não me chega.

Já agora em concreto referias a quê no artigo, consultei o artigo 3 da constituição:

"Artigo 3.º
(Soberania e legalidade)
1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.

2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.

3. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer outras entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição."

J. P. disse...

O nº 2: O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade democrática.

Aí está que o Estado é responsável em nível externo pelos seus actos, sejam eles legislativos ou admnistrativos, e a nível interno perante o seu Povo, logo deve respeitar os direitos que se adquirem ao abrigo de uma lei.

O 12º do C. Civil afirma basicamente que a lei vigora para o futuro, ficando ressalvados os direitos adquiridos.


João, n queiras comparar o social fascismo com Keynes.

J. P. disse...

P.S. social fascismo de Estaline, obviamente. Peço desculpa por não expôr os artigos.

J. P. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
""#$ disse...

Caro golfinho e desculpe -me lá meter-me:
mas, dar como exemplo a república de weimar e dizer que o keinesianismo é uma invenção ou uma aplicação da democracia não é correcto.
A republica de weimar foi um fracasso em todas ss vertentes e foi-o precisamente porque na area da segurança social tinha pouco ou nada para oferecer,também porque alemanha estava de rastos.
A razão porque estava de rastos foi o execrável tratado de versailhes que esmifrou em absoluto excesso a alemanha exigindo reparações de guerra absurdas.

Preisamente por isso a alemanha de weimar nunca teve hipoteses de combater a pobreza ou de se reerguer economicamente.
Isso possibilitou a ascensão daquilo que sabemos.E numa epoca em que "o novo" que era vendido pelo fascismo e ideias conexas era muito apelativo.
E tudo precisamente por culpa - nessa epoca - do liberalsmo social e económico que "jogou" para continuar a ter influência com o apoio a mais este lado ou a menos aquele lado.

Quanto ao keinesianismo, ele foi combatido pela democracia liberal de fim de seculo 19, principios de seculo 20 e ferozmente, nomeadamente, pela não aceitação ds teorias económicas keinesianas pela ortodoxia britânica e francesa da época, pelo evitar que pessoas de ideias keinesianas chegassem a cargos de poder,etc.
Isso aconteceu ao próprio Keynes, que nunca teve influência real em coisa nenhuma antes de 1930.
Existe uma historia que se conta dele na universidade de de outros aunos,creio.
Na rua existiam milhares de desempregados e o professores liberais adeptos das teorias de adam smith e do conceito de mão invisivel continuavam a ensinar que a oferta se ajustaria à procura, que o desemrpego em breve desapareceria, que não era necessária a intervenção do estado, que a segurança social deveria ser minima,etc.
Na janela ao lado os alunos olhavam para a rua e os indigentes e os desemrpegados aumentavam.
À época isto deu acaloradas discussões entre turmas inteiras que questionavam professores acerca do que se estava a passar...

Só a partir da recessão de 1929 as ideias keynesianas passaram e tal aconteceu precisamente por à epoca existir um estado liberal absoluto em economia nos paiseseuropesu e nos USA ; só aié as ideias keinesianas começarama ser escutadas e primeiramente na aamerica, com o roosevelt e o New deal, e mesmo assim com feroz oposição dos liberais da epoca que queria mais do mesmo ou seja, nenhuma ou quase nenhuma segurança social,cada um por si e que morra se não conseguir, fundos de pensões privados e não eram para todos, etc.

Já agora,caro golfinho: no chile há coisa de 7/8 anos foram na conversa e ensaiou-se uma reforma da segurança social exactamente igual a que o golfimnho preconiza.
Os resultados para os pensionistas que decidiram aderir a modelos privados foram desastrosos.

As reformas deles foram indexadas a fundos de pensões internacionais, nomeadamente àquele fundo de pensões gigantescto que foi ao ar em 2001 e que era gerido por dois ex-prémios nobel.
A reforma dessas pessoas passou para menos de metade.
Como é obvio no chile ,agora já existe uma ideia difernete de privatização da segurança social...

""#$ disse...

E continuem qu eisto está interesante

J. P. disse...

João, a Constituição de Weimar foi a 1ª a instituir os chamados direitos sociais numa Constitiuição. Até aí todas as constituições tinham apenas artigos sobre a organização política e direitos fundamentais. Fracassou por motivos endógenos, mas o essencial da Constituição - não da Repu´blica -, foi exportado para todas as Constituições a partir de então.

Dou só 2 exs. simples: Constituição dos EUA - Constituição liberal onde estão reguladas tão e somente as relações entre os órgãos, temum habeas corous e uma série de aditamentos com direitos fundamentais.

A partir de Weimar, todas as constituições, incluindo a nossa, a francesa, a italiana, a dinamarquesa.... têm consagrados direitos sociais por influência da Constituição de Weimar.

João Dias disse...

"João, n queiras comparar o social fascismo com Keynes."

"Parece que o Stalin também era de esquerda...sem querer comparar os casos, ser de esquerda por si só, não me chega."

"Já ouviste falar de direitos adquiridos?
"Golfinho, mas repara que existem pessoas neste momento a viver de reformas," - artº 12 do c. civil e 3 da CRP"

Ora vamos lá analisar isto, no contexto em que eu refiro que existem pessoas a depender das reformas tu citas-me a "alínea" 2 do artigo 3º. Analisando o conteúdo presumo que estejas a dizer que o Estado tem de garantir essas mesmas reformas, pois claro, mas é aí que eu quero chegar mesmo, o Estado tem de garantir essas reformas e por isso mesmo é que não pode aceitar a descapitalização (na medida em que parte dos descontos vão para empresas privadas) da S.S. pública. Se o Estado não tomar as devidas precauções não pode, nem que queira, cummprir as reformas, apesar de isso estar ao abrigo da lei, trata-se de uma impossibilidade real, física, a da eventualmente não haver dinheiro para essas reformas.
Basicamente "atiras" com o artigo, mas repara que o Estado tem de tomar medidas para cumprir esse artigo, e elas são contrárias ao sistema misto.

P.S. Golfinho, a última intervenção antes da tua era do Pedro Silva, não minha.


Queria deixa aqui uma ideia que se resume numa palavra:
ENRON

J. P. disse...

Obrigado Pedro Silva :)
João, referi-me aos direitos adquiridos [que raiva não podermos falar directamente ;)], devido ao artº 12º do c.civil. A lei vigora para o futuro, ficando ressalvados os direitos produzidos pela lei anterior.

Obviamente que há a opção de cada um.

Pedro, Guterres, Cavaco foram neo-keynesianos, Kennedy foi um neo-keynesiano, o principal conselheiro dele foi um neo-keynesiano, que se chama
Samuelson.

Já ouviste falar de um homem abrir um buraco e outro tapá-lo para assim haver emprego. Foi com base nesta ideia Keynesiana que roosevelt ultrapassou a grande depressão.

""#$ disse...

gOLFINHO:
eu conheço isso e sei que existem alguns méritos na cnstituição de Weimar ,nomeadamente o facto de ter sido pioneira na consagração de direitos sociais e políticos, etc.

Quanto a Cavaco foi neo keinesiano, mas foi porque tinha que ser e porqu etinha margem de manobra financeir apara isso e de alguma forma se coaduna com algumas da interpretações da economia que o sr em questão faz.

Guterres não concordo.
Acho que foi mais imbecil. Keinesiano ou não.
Kennedy foi algo mais qu eum simpels keinesiano embora a sua política interna tenha falhado redondamente(mas isso é outra conversa).

quanto a teoria do home abrir o buraco e outro ir tapá-lo ,o new deal de roosevelt foi bastante mais do que isso e retirou a américa da recessão em 10 anos,através da implantação de grandes obras publicas(a hoover dam é um exemplo) que depois deram o retorno enorme.

Quanto ao samuelson é o paul samuelson autor do melhor ou pelo menso mais conhecido manual de economia politica.

Quanto ao sistema misto e à "livre escolha" penso que é uma enorme mistificação e além disso é mais caro -sai mais caro a longo prazo doque a cuto prazo.
é uma questão que não tem só aver com a rentabilidade imediata do sistema mas também com o querermos viverde cacordo com outros valores ,tais como ,democracia,principiso d eiguladade entre cidadãos, protecção na doença,etc, que, não são salvaguardados, com um sistema de segurança social privado.

Alémd isso isso está ligado com a questão dos hospitais e ,de maneira alguma algumavez me irão convencer qu eum hosptao publico é mais caroque um privado.
Digo isto porque tenho que aturar o Hospital privado amadora sintra e o deixa andar ,o desperdicio, o imputar a conta ao estado, quanats vezes de forma artificial,são ali o modus operandi da casa.

Tudo isto acrécido de lucro metido em cima das operações que se fazem.

Golfinho, um exemplo: num centro de saude estatal não se mandam passar ressonancias magnéticas.
Porquê?
Porque é "necessário faze-las" no amadora sintra mas desde que seja lá mandado fazer por médicos de lá.
Ou seja, o doente precisa de uma RM ,mas só os clarividentes do amadora é que a podem mandar fazer.

Liberdade de escolha onde?
Isto é valido para est exame como para outros.
No fim quem é que fica mal visto?
O centro de saude estatal...
Ma o custos são semrpe imputados ao estadoe a segurança social, e muitas bezes sao artificalmenet empolados, porque existe o mito da boa gestão no privado.

Aqui o que existe claramente é -sempre que se pode - aumentar artificialmente custos (e consequente lucro).
No fim o que surge após vários anos disto?
A SS falida ou descapitalizada.

Mais: a "escolha" de doenças a tratar por privados e o que isso acresce à SS é diferente consoante se trate de de um privado a ter que as fazer ou um publico.
Para o publico ficam as coisas caras.
Para o privado aquelas mais simples de fazer e mais baratas - para aumentar o correspondente lucro.

Dái toda esta conversa acerac de um melhor esquema de SS privado.
Atenção golfinho que o detentor de 50% de mercado de seguros privados é o BCP - de onde veio o sr Félix que mudou o sistema para misto?
Do BCP.
Um bom funcionário...

Anónimo disse...

Looks nice! Awesome content. Good job guys.
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Anónimo disse...

I say briefly: Best! Useful information. Good job guys.
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