terça-feira, julho 25, 2006

Canhotos que jogam à direita

Sobre este post tenho o seguinte a dizer:

Nunca desvalorizem o poder da amizade/partidarite, ela pode eventualmente levar-nos a pôr em risco o nosso património intelectual.


Quatro "verdadinhas" a começar para aquecer a audiência, chegamos ao ponto cinco e começamos a sentir o cheirinho a partidarite. Isto porque PP tem património intelectual de sobra para analisar com muito mais profundidade esta questão, mas não pode, valores mais altos se erguem...
Por exemplo, PP poderia analisar as justificações e admitir que o argumento da diferença entre currículos é perfeitamente bacoco e serve principalmente para demarcar a diferença entre outros exames que se poderiam repetir dentro desta mesma lógica. Repare-se que se não fosse a simultaneidade de currículos estaríamos a falar do mesmo argumento, ou seja PP apenas nos apresentaria o argumento de diferenças entre anos sucessivos, não tendo assim este segundo elemento no qual justifica a excepção dentro da excepção.
A volatilidade deste segundo argumento assenta no facto de situações semelhantes já terem ocorrido, com a excepção de serem separadas por um ano. Ou seja o tempo representa um factor importante e discriminatório, e porquê? Isso nem a própria Ministra sabe, esta apenas sabia que tinha de arranjar um argumento que não fosse aplicável a outros exames.

Chegamos ao ponto seis e temos demagogia em "bold", repare-se que PP, ao utilizar o "bold", parece fazer questão de dizer que está ali um bom/vital argumento para ler, apesar de bem elaborado e ardiloso, não passa disso mesmo, um argumento elaborado e ardiloso que molda a realidade à volta do argumento em si e não o argumento à volta da realidade.
<"E os resultados da primeira fase sugerem que essa vantagem poderá ser decisiva."
Bravo bom argumento, mas essa "sugestão" só poderia ser verídica se comparada com os resultados dos exames da segunda fase deste ano, mas o ME nem sequer precisou fazer esses estudos comparativos, criou a tal excepção mesmo antes de ter essa matéria de estudo. Ou seja elaborou o relatório sobre uma experiência sem mexer num sequer tubo de ensaio, bravo isso é...bruxaria???
Ou seja pelo facto dos resultados da primeira fase serem maus, não podemos inferir que seria a prova modelo o factor decisivo, isto sem previamente termos elementos de comparação, mas como isso agora constitui um bom argumento quem é que se preocupa com gráficos e rigor...isso é coisa de outros tempos.
E assim escamoteamos a responsabilidade do ME que seria antever esta situação. E como evitaria tal situação? Criando, sim isso mesmo criando, uma prova modelo que se justificava como forma de permitir aos alunos do currículo novo que fossem à primeira fase ter um modelo que servisse de auxílio ao estudo.
Ainda mais grave do que a injustiça de apenas aquelas disciplinas serem repetidas, reside no facto de haver alunos de Química e Física que indo à segunda fase podem concorrer à primeira fase de candidatura, enquanto alunos das mesmas disciplinas que apenas tenham ido à segunda fase poderão apenas ir à segunda fase de candidatura. Este dado revela a verdadeira intenção desta medida, porque a ser justo todos alunos que fossem á segunda fase de exames concorreriam à segunda fase de ingresso que no fundo são as vagas que sobram.
(Esta parte a vermelho não corresponde à situação verídica, é um dado errado)

Repare-se também que o sexto argumento esbate no segundo, isto porque:
"Qualquer aluno pode melhorar na segunda fase a nota obtida na primeira, contando essa melhoria para a média da nota de conclusão do secundário."
Ora se qualquer aluno pode ir à segunda fase como é que os da segunda fase têm essa tal vantagem de ter o exame da 1ª fase como modelo. PP ainda tenta atirar areia para os olhos: "os alunos que tivessem optado por ir apenas à segunda fase tinham, em abstracto, uma enorme vantagem: seriam os únicos que conheceriam o equivalente a uma prova-tipo"
Mas é óbvio que isto é falso, podendo os alunos que foram à primeira fase ir à segunda essa vantagem esfuma-se mais depressa que o Durão Barroso para Bruxelas (ok, talvez seja uma hiperbolização, Durão foi deveras mais rápido). PP terá feito uma concepção tão em abstracto que na realidade é falsa, não existe de facto uma verdadeira vantagem dos alunos na segunda fase visto que todos podem ir à segunda fase, este argumento só seria verdadeiro se o segundo ponto fosse falso.

Em relação ao ponto nove parece-me bastante óbvio quais seriam as soluções, temos de ter em conta é qual seria o argumento:
Para o argumento:

- dos diferentes currículos concorrerem em simultâneo exigia-se uma actuação prévia em que no mesmo ano só concorresse um currículo, repare-se que os exame de matemática tem currículos diferentes e não foi repetido por serem semelhantes. Ora se houve a competência para discernir que os programas eram idênticos e tal não constituía nenhuma desvantagem para qualquer dos currículos, também teria de haver necessariamente a competência para discernir que os currículos de química e física eram manifestamente diferentes e, como tal, e independentemente dos resultados, ter previamente feito os ajustes. Esse ajuste era simples, obrigar o aluno do antigo currículo a frequentar as aulas do novo currículo para anular qualquer vantagem competitiva, isto acontece nas universidades, se o aluno se atrasa numa cadeira e essa cadeira é reformulada então o aluno frequenta a cadeira nos novos moldes. Não é que o pessoal do ISCTE não se lembrou dessa…

-da prova modelo bastava formular uma, caso isso fosse um grande abalo para os cofres do estado convém lembrar que não existe desvantagens competitivas desse facto, isto porque a dualidade de currículos seria anulada com a simples medida que referi acima e porque a vantagem dos alunos da segunda fase não existe, visto que todos os alunos podem ir à segunda fase.

-do insucesso relativo aos anos anteriores, isso não é dado novo, portanto é já de si um argumento inválido, além do mais isso não justifica a criação de mecanismos ainda mais injustos. Sendo claro que como solução para estes problemas seria sempre incompatível com a excepcionalidade associada a estas medidas.

O ponto 11 confirma uma certa relação entre o uso do “bold” e a demagogia, sendo que este ponto é bomba demagógica.

4 comentários:

""#$ disse...

Espero que tenhas reparado, caro jõao
que imediatamente a seguir surgiram posts
para diluir o meu comentário,
os teus comentários,
os comentários de outras pessoas...

João Dias disse...

É bom sinal, quer dizer que doeu.

""#$ disse...

jõao:é isso mesmo...

Anónimo disse...

Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
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