domingo, maio 31, 2009

Assino por baixo

"Mas podíamos, para terminar, falar de raspão no caso do Banco Alimentar Contra a Fome, exemplo de uma IPSS «desinteressada» e católica. A organização afirma a finalidade de apenas servir os pobres. Recebe do Estado contribuições sob a forma de subsídios. Das grandes empresas, donativos e parte do excesso dos seus stoks. Do cidadão comum, aquilo que ele lhe puder oferecer. O Banco Alimentar orienta a sua actuação pelo princípio da conciliação de classes. É benéfica para o cidadão porque aplaca a revolta moral que a miséria lhe pode causar e lhe dá uma esmola. É positiva para as empresas, visto que escoa os seus excedentes e concorre para lhes aumentar as vendas. E é necessária ao Governo e à Igreja, dado que se substitui à acção social do Estado democrático, funciona com base no voluntariado e distribui as suas recolhas a partir de instituições piedosas tais como os centros paroquiais, as conferências vicentinas, as congregações e fundações católicas, as comunidades locais, as ATL, os lares de idosos, etc.

2 comentários:

Milu Calisto disse...

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", contudo, não deixamos de brincar à caridadezinha.
Sou a favor de empregos e não de esmolas. A esmola humilha e não dignifica e um emprego torna-nos independendentes e senhores da nossa dignidade.
Empregos precisam-se... para nos darem pão, habitação e alguma felicidade.

João Dias disse...

Entenda-se que eu não sou contra incentivos pecuniários como forma imediata de amenizar os efeitos da pobreza. No entanto, não me parece razoável que isso substitua uma política de emprego e de justiça social.

São precisamente as políticas injustas que justificam a caridade. O texto demonstra como as raízes da assimetria não são combatidas e como o sistema que cria estas injustiças até beneficia do processo. Não conheço hiper ou supermercado que pague condignamente aos seus trabalhadores.

E pensar que desta forma se é socialmente responsável e depois até pode ir às urnas dar o "votinho" às políticas da assimetria...


Com certeza que o emprego é mais dignificante para os indivíduos.