sábado, maio 12, 2007

Causa vossa

"Folheando" as páginas do blogue intitulado Causa Nossa sinto menos apreço pelos escritos do que sinto por um blogue de direita, isto porque os segundos não se apropriam do título de esquerda...ou seja nesse capítulo são mais honestos.

Estes posts sugerem-me alguns cometários:
Disparates

Ora resumindo a pluralidade para Vital Moreira é um disparate, essa coisa da representatividade parlamentar que traduz nada mais nada menos que a vontade democrática é um absurdo. Ou seja a transmissão de propaganda governamental não preocupa Vital Moreira, ele está preocupado com o loteamento partidário do espaço noticioso. Isto é nos brindado com mais um daquele tipo de posts muito bons em que quem escreve diz que não será propriamente necessário, que pode até ser perigoso e quem sabe o alinhamento cósmico não esteja muito favorável a essa medida.

Mias uma "medida neoliberal de direita"

Aqui VM mostra como é capaz da mais fina ironia, repare-se bem que ele enuncia uma medida de esquerda intitulando-a de medida neoliberal de direita. É neste jogo fino de ideologias que VM dá uma valente vergastada em quem acha que Socrátes é direita. À semelhança de quem pensa que Blair, por apoiar uma invasão unilateral à revelia do Conselho de Segurança da ONU, por ser responsável por centenas de milhares de mortos iraquianos, por criar um Estado polícia de invasão de privacidade é de direita...e principalmente um populista e mau político. Quem assim pensa é estúpido e assim será vítima da mais fina ironia de VM.


Lição de democracia

Neste post talvez VM se descaía, ou seja confunde democracia com formalidades democráticas o que explicaria muitas das barbaridades por si proferidas. Um Estado responsável por inúmeras atrocidades e pela pobreza vivida na Palestina "dá um exemplo de democracia" ao receber um relatório que enumera as falhas de dirigentes e governantes na Guerra contra o Líbano. Apesar de terem destruído um país que se tinha reconstruído, estes são verdadeiros democratas por aceitarem levar um raspanete, apesar de até poderem continuar a portar-se mal. Ou seja valorizamos o lado formal da democracia (o relatório/raspanete) fazendo assim uma negligência astuta da verdadeira democracia (não ter atacado o Líbano).

4 comentários:

Anónimo disse...

1 - A transmissão de propaganda governamental não preocupa VM porque ele é um dos veiculos que a promove. VM não concorda com esta medida, simplesmente porque, numa reconhecível faceta de profunda isenção, esta não lhe é conveniente.

Se há coisa que falta em Portugal é exactamente esse pluralismo televisivo, pois, sendo a televisão /comunicação social um importante e determinante mecanismo de formação de opinião, tem de existir uma responsabilidade* de dar a conhecer todas as linhas de pensamento existentes, como forma de evitar a manipulação e a monopolização por parte de um pensamento único e vigente... Que é exactamente aquilo que está a acontecer em Portugal. Democracia passa por dar tempos de antena a todas as linhas politicas. Vejo isso a ser feito apenas no que toca a dois partidos. Não é por acaso que este país é sucessivamente governado por um centrão. Não é por acaso que toda a gente se queixa de falta de alternativas. A capacidade de as abafar é sistemática e notória.

*aqui entra a questão (já abordada noutro post) da televisão pública, que por o ser (pública), não pode/deve obedecer a estratégias de mercado e de poder (politico),


2 - triste e acima de tudo revelador é quando um governo que se diz socialista, de esquerda, quando implementa uma medida destas sente necessidade de exaltar a medida desta forma: "Vêm? vêm? nós até implementamos medidas de esquerda, nós até defendemos o estado social".

Isto chega a ser patético. A existência de mais creches públicas responde simplesmente a uma necessidade clara, realista e premente da sociedade actual, à qual o Estado tem de dar resposta, seja atavés da criação de creches ou através da criação de politicas de conciliação familia/trabalho (esta sim uma medida claramente de esquerda!). Enfim... é patético ter de dar realce àquilo que deve ser uma função básica do Estado.

3 - Quer então dizer que se pode invadir e destruir outro país à vontade, desde que depois tenhamos a capacidade de engolir um relatório que revela as atrocidades que lá foram cometidas... ok, ok...

Já agora, gostava de saber se esse relatório impoe:

- medidas indemnizadoras ao Libano por parte de Israel
- medidas sancionatórias a Israel
- recomendações vinculativas sobre aquilo que deve ser futuramente a intervenção de Israel com os países/estados vizinhos.

Ou se se trata apenas de um documento que se limita a constatar o óbvio...

Posso até considerar que este auto-puxão de orelhas israelita é algo positivo, mas chamar-lhe lição de democracia é um exagero. Até porque as lições democracia executam-se, não se consubstaciam em relatórios (ainda para mais num relatório que diz exactamente que Israel não se comportou como uma verdadeira democracia).

E para mim, Israel está longe de dar lições de democracia seja a quem for.

Macambuzia Jubilosa

Anónimo disse...

Ainda sobre o ponto 2

A criação de creches, quanto a mim, apenas pode ser considerada como uma medida de conciliação familia/trabalho, se for aliada a outras tantas medidas e não enquanto mero depositário de crianças. Medidas essas como:
- licenças de apoio à família,
- aumento de licenças de paternidade e maternidade
- flexibilidade na organização e horário de trabalho
- criação e incentivo de creches/infantários/jardins de infância no local de trabalho.
- criação de outros serviços de proximidade, designadamente de apoio a idosos

Medidas estas que não me parecem serem implementadas pelo governo, só se considerarmos a criação da bolsa de excendentários da função pública, uma vez que realmente vão passar mais tempo em casa.

O aumento de creches públicas é sempre uma boa medida que peca por ser isolada. E ser utlizada para auto-vanglorização pseudo-esquerdista é, isso sim, um disparate.

Macambuzia Jubilosa

João Dias disse...

Bem, já agora, o meu segundo ponto está algo confuso, fiz uma transição de Sócrates para Blair muito rápida e pouco explicada, tal deve-se também ao facto de o primeiro ser um clone do segundo. Mas de certa forma isto está ligado, a simpatia de muitos "socialistas" do PS pelo Blair é uma transição de personalidade como quem elogia um tipo para elogiar outro...o clone.

Anónimo disse...

Quanto melhor conheço gente de Direita, melhor me sinto na pele de social democrata.