A comicidade da política reside muitas vezes na incoerência alarve de agentes políticos. Na realidade, a incoerência, a desonestidade intelectual e outras coisas bonitas são coisas muito graves, mas o humor é a forma de sobreviver à tragédia, é a sanidade possível que nos permite coexistir com esta realidade. Aliás, repare-se na trágica citação que dá nome a este blogue: "A cultura actual impõe-nos uma coexistência humorística.".
Na realidade, não existe da parte deste sujeito que escreve nenhum sentido de humor apurado, existe sim o sentimento inglório de que o humor é nos imposto pela necessidade de coexistência. Em Portugal, coexistir com um estado de bovinidade abundante realiza-se na forma humorística porque, apesar das sérias consequências de maiorias elegerem personagens irresponsáveis, o pressuposto democrático leva-nos a aceitar coisas que a própria democracia permitiria corrigir.
Em Portugal não se reconhece gente pouco séria que use gravata, apesar de até os palhaços recorrem à dita peça de vestuário ainda há quem consiga mistificar e tirar ilações políticas de um pedaço de tecido que dignifica o usuário. Rui Rio e Luís Filipe Menezes usam gravata, no entanto não revestem a sua conduta de coerência, seriedade e responsabilidade social. Mas, volto a sublinhar, usam gravata, como tal não é estranho que o que lhes suscite a maior indignação seja a questão mais fracturante a nível nacional: o Red Bull Air Race vai para Lisboa. E que tal um referendo? E a Constituição permite? Será que não devíamos ter uma lei que tratasse esta matéria?
Os autarcas alinham o discurso: o governo centralizado sobre Lisboa e as suas instituições trataram de deslocalizar o evento. Como liberais que são, apontam os defeitos sempre para as instituições democráticas, apesar de liderarem as suas respectivas e gostarem bastante de usar as suas vitórias democráticas para justificarem medidas que a razão desconhece. Acontece que a decisão partiu da iniciativa da própria Red Bull...upa, upa, e agora? O liberalismo não interessa aos autarcas em causa, vão rever a matéria ou vão manter-se convictos apesar de a decisão de uma empresa privada lhes ser prejudicial? Estes são "liberais de bolso", porque tiram e voltam a pôr a cartilha no bolso conforme as circunstâncias.
Pois claro, as iniciativas privadas não se prendem com interesses democráticos ou coesão nacional. Efectivamente o Porto precisava mais desta iniciativa do que Lisboa, aliás um modelo político falhado é aquele que mais precisa de iniciativas privadas para reavivar a economia local. Nesse sentido Portugal inteiro precisava de um evento destes que, não resolvendo nada, ajuda o autarca a ganhar a simpatia dos comerciantes locais e a disfarçar a ausência de uma estratégia económica sustentável.
Mas apesar da extrema importância destes temas fracturantes, não devemos negligenciar temas menores como a forma como Rui Rio exerce a sua responsabilidade social no município do Porto. Antes demais devo dizer que Rui Rio é perspicaz, este percebeu que pobres a viver em terrenos com vista para o Douro representam um poderoso lobby que atrasa o desenvolvimento do Porto. Por isso mesmo, quer demolir o bairro do Aleixo. Os pobres impedem que o grupo Esírito Santo, através da parceria público-privada GESFIMO, possam ter uma receita de 63 milhões de euros em empreendimentos imobiliários com um preço por metro quadrado de 3000 euros.
P.S. Agora imagine-se o lamentável sucedido: agora que o Red Bull Air Race vai para Lisboa, será que o preço por metro quadrado descerá para os 2900 euros? São estas questões prementes às quais os liberais são sensíveis e para as quais a esquerda em geral é ignorante, irresponsável e radical.
Na realidade, não existe da parte deste sujeito que escreve nenhum sentido de humor apurado, existe sim o sentimento inglório de que o humor é nos imposto pela necessidade de coexistência. Em Portugal, coexistir com um estado de bovinidade abundante realiza-se na forma humorística porque, apesar das sérias consequências de maiorias elegerem personagens irresponsáveis, o pressuposto democrático leva-nos a aceitar coisas que a própria democracia permitiria corrigir.
Em Portugal não se reconhece gente pouco séria que use gravata, apesar de até os palhaços recorrem à dita peça de vestuário ainda há quem consiga mistificar e tirar ilações políticas de um pedaço de tecido que dignifica o usuário. Rui Rio e Luís Filipe Menezes usam gravata, no entanto não revestem a sua conduta de coerência, seriedade e responsabilidade social. Mas, volto a sublinhar, usam gravata, como tal não é estranho que o que lhes suscite a maior indignação seja a questão mais fracturante a nível nacional: o Red Bull Air Race vai para Lisboa. E que tal um referendo? E a Constituição permite? Será que não devíamos ter uma lei que tratasse esta matéria?
Os autarcas alinham o discurso: o governo centralizado sobre Lisboa e as suas instituições trataram de deslocalizar o evento. Como liberais que são, apontam os defeitos sempre para as instituições democráticas, apesar de liderarem as suas respectivas e gostarem bastante de usar as suas vitórias democráticas para justificarem medidas que a razão desconhece. Acontece que a decisão partiu da iniciativa da própria Red Bull...upa, upa, e agora? O liberalismo não interessa aos autarcas em causa, vão rever a matéria ou vão manter-se convictos apesar de a decisão de uma empresa privada lhes ser prejudicial? Estes são "liberais de bolso", porque tiram e voltam a pôr a cartilha no bolso conforme as circunstâncias.
Pois claro, as iniciativas privadas não se prendem com interesses democráticos ou coesão nacional. Efectivamente o Porto precisava mais desta iniciativa do que Lisboa, aliás um modelo político falhado é aquele que mais precisa de iniciativas privadas para reavivar a economia local. Nesse sentido Portugal inteiro precisava de um evento destes que, não resolvendo nada, ajuda o autarca a ganhar a simpatia dos comerciantes locais e a disfarçar a ausência de uma estratégia económica sustentável.
Mas apesar da extrema importância destes temas fracturantes, não devemos negligenciar temas menores como a forma como Rui Rio exerce a sua responsabilidade social no município do Porto. Antes demais devo dizer que Rui Rio é perspicaz, este percebeu que pobres a viver em terrenos com vista para o Douro representam um poderoso lobby que atrasa o desenvolvimento do Porto. Por isso mesmo, quer demolir o bairro do Aleixo. Os pobres impedem que o grupo Esírito Santo, através da parceria público-privada GESFIMO, possam ter uma receita de 63 milhões de euros em empreendimentos imobiliários com um preço por metro quadrado de 3000 euros.
P.S. Agora imagine-se o lamentável sucedido: agora que o Red Bull Air Race vai para Lisboa, será que o preço por metro quadrado descerá para os 2900 euros? São estas questões prementes às quais os liberais são sensíveis e para as quais a esquerda em geral é ignorante, irresponsável e radical.
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